O mercado negro cambial floresceu nos últimos meses de Portugal em Angola. Mil escudos do Banco de Portugal poderiam «valer» 1500, 2000, 3000 escudos de Angola - os angolares
A 31 de Julho e 1 de Agosto de 1975 chegou a Carmona uma Companhia de Comandos. Outra, mas de Pára-quedistas, ficou na Base Aérea do Negage. O objectivo era escoltar a 2ª. e a 3ª. CCAV´s do BCAV. 8423 e todos os seus equipamentos. Para o efeito, chegou também uma frota de viaturas militares. Aproximava-se a nossa saída para Luanda e já se sabia que a CCS e a 1ª. CCAV. viajariam de avião.
O cada vez mais iminente êxodo da comunidade civil europeia tormou-se mais evidente por estes dias: à romaria dos caixotes, seguiu-se outra: a da compra de escudos de Lisboa, do «puto». A razão era fácil de ver: os escudos angolanos (os angolares, na foto) não tinham cotação e cambiavam-se a elavadas percentagens cambiais, em mercados «negros» - com lucros para os vendedores. Mil escudos do Banco de Portugal poderiam «valer» 1500, 2000, 3000 angolares, muito fácilmente. Ganhava quem tinha dinheiro de Lisboa. Ganhava quem, no dito mercado negro, o comprava - pelo troco dos angolares, que nada valeriam na Europa. Como se veio a confirmar. Por mim, como já aqui disse, nunca fiz «negócio» desse.
A nível militar, reinava confiança. O reforço que chegava e as regras impostas pelo Comando na reunião de 30 de Julho, com o Estado Maior do Comando Unificado, digamos que puseram os combatentes/militares da FNLA em sentido. Nada impediria a saída da coluna militar. A tiro que tivesse de ser.
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