domingo, 28 de fevereiro de 2010

1º. cabo Joaquim Figueiredo de Almeida morreu há um ano

Hipólito, Monteiro, Almeida e Vicente (em cima), Garcia, Leal, Neto e Aurélio
«Barbeiro» em baixo. Almeida, Vicente, Garcia e Leal já faleceram


Joaquim Figueiredo de Almeida, 1º. cabo atirador de cavalaria, faleceu a 28 de Fevereiro de 2009, faz hoje um ano.
Era o mais velho de todos os do PELREC, nascido a 5 de Dezembro de 1950 - sendo nós de 1952. Era de Pedrogão, freguesia de Pedrogão de S. Pedro (município de Penamacor), e dele se dizia que tinha ido «a salto» para França, tendo de regressar vir para cumprir o serviço militar. Nunca tal lhe perguntei, nem ele, que eu saiba, isso explicou a quem lhe perguntou.
Fez a escola de recrutas em Santa Margarida e foi promovido a 1ª. cabo. Era, em zona operacional e já em Angola, homem que não virava a cara aos perigos. Com ele - e o Marcos - fizemos dezenas de PU na cidade de Carmona e recordo bem uma noite de um domingo, quando, num bar americano, tivemos de intervir numa situação bem adversa. Pois não olhou para trás o Almeida, nem o Marcos, quando tivemos de enfrentar a turba revoltosa, de cassetetes no ar e a mão na Walter, não fosse termos de intervir (ainda mais) pela força.
Era um homem generoso, sempre disponível para qualquer serviço, sempre cumpridor, leal, discreto, corajoso e amigo. Faleceu faz hoje um ano e aqui lhe prestamos a nossa continência de respeito e saudade.
- PU. Polícia de Unidade, equivalente a Polícia Militar.

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Saudades do Quitexe que íamos deixar...

Aspecto do Quitexe, em 2004 (foto da net), vendo-se a casa que foi secretaria da CCS.
Em baixo, o furriel Neto de frente para a capela e com a caserna do PELREC e,
1º. plano, no aquartelamento (1974)
A 26 de Fevereiro de 1975 desfizeram-se todas as dúvidas: íamos para o BC12, em Carmona. Soubemo-lo ao fim da tarde, depois de mais uma das reuniões do comando na ZMN - que já vinham de dias anteriores e continuaram a 27 e 28.
Só mais tarde nos foi dito que esteve iminente a nossa rotação para Luanda, onde éramos reclamados pela RMA, mas a extinção do BC12 «justificou» a transferência para a capital do Uíge.
A mudança, como já por aqui foi dito, foi recebida com muito agrado pelos militares, mas acrescentou-lhe mais e maiores responsabilidadeas. Isso nos disse o TC Almeida e Brito, em «discurso à nação militar» quitexana, sublinhando-nos a intensa politização dos movimentos emancipalistas na área do Uíge. Como bem iríamos sentir na pele.
As responsabilidades viriam, na verdade, a revelar-se extremamente difíceis e complexas. Delas já aqui fizemos alguns relatos e delas voltaremos a falar, em tempo próprio.
A 27 de Fevereiro de 1975, os habituais comensais das noites quitexanas sentaram-ae à mesa do Pacheco, mesmo na frente da CCS e da casa dos furriéis. Já com saudades do Quitexe que íamos deixar.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Pequenos incidentes numa das últimas noites do Quitexe...

Bar do Rocha (Quitexe), na estrada de Luanda para Carmona (em frente)

Hoje, no dia de hoje de 1975, era 4ª. feira e jantei no bar do Rocha, com o Neto e outros amigos na mesma mesa. E muitos militares, em outras. Comemos os convencionais bifes com ovo a cavalo e cerveja, muita cerveja, depois de uns pratos de camarões.
A partida para Carmona estava por dias e eu já aprontara as duas malas com as minhas quitangas. O Neto, nestas coisas deixava-se sempre mais para o fim e iria fazê-las mesmo de véspera. No dia, tínhamos ido a Vista Alegre e Aldeia Viçosa, escoltando o capitão Falcão - que lá foi diligenciar a rotação do BCAV. Iria a 2ª. Companhia para Carmona (connosco), iria a 1ª. CCAV. 8423 para o Songo (se me lembro bem).

O ambiente do restaurante era inamistoso para os tropas e sucediam-se trocadilhos ofensivos - que já não eram novidade para nós, mas que tínhamos de «engolir», sem retorquir - o que não era nada fácil. Às tantas, um ex-GE, já entrado nos copos, picou-se de razões com um civil europeu. Houve «escaramuças» com alguma violência, ainda que rapidamente resolvidas e embora estendidas à rua.
A ordem geral era evitar conflitos. Era cada vez mais latente a influência dos movimentos emancipalistas na sociedade civil. Com alguns exageros e vinganças pelo meio.
Passeámos longamente pelas ruas da vila , noite adentro, memoriando os meses que nos traziam desde Junho e da nossa chegada ao Quitexe. Havia a consciência de que se «escrevia» um momento histórico para o mundo, África e Angola. E que nós éramos pequenos actores dessa memória que ainda hoje por aqui nos traz. Eram os nossos últimos dias do Quitexe!

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Os últimos dias do dos dos Cavaleiros do Norte no Quitexe...


O BC12 recebeu a CCS do BCAV. 8423 a 2 de Março de 1975.
A foto de cima mostra a parada do Quitexe (princípios da década de 70).


A 26, 27 e 28 de Fevereiro de 1975, o comandante Almeida e Brito (foto, ao lado) ultimou em Carmona (actual Uíge) a transferência dos Cavaleiros do Norte (CCS do Quitexe, e 2ª. CCAV. 8423, de Aldeia Viçosa) para o BC12. As reuniões de trabalho decorreram na ZMN.
A ansiada transferência estava cada vez mais iminente e reinava na guarnição um enorme entusiasmo, ninguém se poupando a esforços para «arrumar as malas», que nos levariam para mais uma etapa da comissão de serviço que, para o bem e para o mal, ficou na história como a última da presença militar portuguesa no Quitexe.
Anotei, por estes dias, alguns ácidos comentários de civis, uma no restaurante Pacheco - em conversa despeitadora que, de dedos apontados e olhar de algum ódio, fazia dos tropas os culpados da evolução política que levava Angola à independência. Traição, era o mínimo que chamavam, em acto e verbo de claríssima provocação aos militares. Nas ruas, havia quem escarrasse à nossa passagem. E não faltavam ostensivas provocações à nossa moral e sentido ético. «Filhos da p..., filhos de cabra», eram expressões vulgarmente ouvidas.
As recomendações superiores sugeriam que não respondêssemos a provocações. E assim era feito, embora lamentavelmente com alguns pequenos incidentes pelo caminho.
- BC12. Batalhão Caçadores nº. 12, em Carmona.
ZMN. Zona Militar Norte.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

«Portugal e o Futuro», de António Spínola, publicado há 36 anos

Capa do livro «Portugal e o Futuro» (em cima) e António Spínola (em baixo)


Há 36 anos, António de Spínola estava no topo das atenções nacionais, com a publicação do livro «Portugal e o Futuro» - que eu, nos meus habituais comentários de capa, então assinalei como «um livro de fluência e transparência de conceitos, sem cair no emaranhado do conceito doutrinário (...), de intervenção política importante, que não pode nem deve ser mais um título para mostrar nas prateleiras ou passear em conversa descomprometidas». Vejam lá este analista que eu era.
O livro custou uma fortuna para a época e foi-me guardado por um livreiro amigo (já falecido, o sr. João Lemos, da Livraria Rino), que mo «deu» na manhã de sábado de 23 de Fevereiro de 1974. Li parte dele pela noite dentro - e dias seguintes... (estava de férias militares) - e considerei-o polémico e susceptível de provocar desencontro de opiniões. Mas não passei daí, deste minúsculo tipo de consideração. Na verdade, política era coisa que pouco me interessava e o mais próximo que andara tinha sido no período do Congresso Republicano de Aveiro, chamado da Oposição Democrática, em 1973 - de 4 a 8 de Abril, quando houve a intervenção policial na avenida (poucos dias antes de assentar praça). E das eleições de 1972 - que levaram Mário Rodrigues a Caxias.
«Portugal e o Futuro» foi, no entanto e depois do nosso regresso a Santa Margarida, motivo de alargadas conversas, com uma esperança semeada na malta: se calhar, a guerra do ultramar vai mesmo acabar. Nós é que já não escaparíamos a ela. Lembro-me de o «passear» entre os cabos milicianos e de ser »avisado» por um oficial para ter cuidado na sua «exibição».
Mal imaginávamos nós o que se preparava para dias depois, o 16 de Março. E o 25 de Abril, depois.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Quem são vocês? Quem somos nós, homens do PELREC do BCAV. 9423?

A capela do Campo Militar de Santa Margarida


Ontem, há 36 anos, foi dia último dos exercícios finais da escola de recrutas dos atiradores de cavalaria do BCAV. 8423. O PELREC jornadeou pela Mata do Soares e aprontou-se para uns dias de férias. Uma semana. Eu e o Neto, cabos milicianos do pelotão, resolvemos fazer uma espécie de inquérito: quem são vocês, os soldados? Quem somos nós, o PELREC?
A ideia, parecendo peregrina, tinha um obectivo nuclear: conhecer as debilidades emocionais de homens que, aos 21 para 22 anos, iam abandonar as suas famílias, amigos e namoradas, alguns deles até as mulheres, e partiam para uma guerra a milhares de quilómetros. Como reagir à solidão e à saudade? Às virtuais tragédias, aos medos, à psicose dos combates, aos arrepios dos trilhos das matas?
Lembro-me bem da cara de espanto com que nos ouviram? Afinal, o que acontecia é que parecíamos estar a querer entrar na vida deles, nas suas intimidades, nos seus segredos. Algum deles perguntou o que tinham a fazer. Peçam às vossas mães, irmãos, namoradas, amigos, para que escrevam no papel o que nós podemos fazer para que vos possamos ajudar?
Poucos isso fizeram, é verdade. Mas ainda guardo a carta, cheia de erros gramaticais, de medos e de fé que me entregou um deles, escrita pela mãe. E como, mais tarde, no Quitexe, eu vim a perceber a solidão e o isolamento, a dor e amargura daquele filho, em alguns momentos que o faziam nostálgico e infeliz!

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

A equipa de saúde dos Cavaleiros do Quitexe



A equipa de saúde foi liderada pelo capitão miliciano médico Manuel Soares Cipriano LEAL e dele já falámos AQUI. Concluiu a comissão em Novembro de 1974 e foi substituído pelo alferes médico António Honório de Campos, mais tarde chegando o também o alferes médico Carlos Augusto Monteiro da Silva Ferreira (já em Carmona).
O furriel miliciano (foto da direita) era António Maria Verdelho da Silva LOPES - verdadeiro sacerdote de bem «seringar» a malta. Companheiro do alto! É, actualmente, tesoureiro da Repartição de Finanças de Vendas Novas.
E a equipa sempre disposta a bem servir:
- 1ºs. CABOS: José GOMES, Vitor Manuel Nogueira FLORINDO e Alfredo Rodrigo Ferreira Coelho (BURAQUINHO, analista de águas).
- SOLDADOS: Albertino Ferreira das NEVES e Joaquim Ribeiro MOREIRA (maqueiros).

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Os «atiradores» da secretaria da CCS e comando dos Cavaleiros do Norte

O (então) tenente Luz, chefe da Secretaria do BCAV. 8423 (com a esposa, em 2009)
e o 1º. sargento Luzia, responsável pela secretaria da CCS (em baixo)



Os nossos companheiros «atiradores» das secretarias eram todos boa malta, com as devidas excepções à regra. Tinham o provilégio de não «arriscar a pele», em patrulhas, escoltas ou operações, é verdade, mas entediavam-se - digo eu... - pelas secretárias do Quitexe.
O oficial chefe da Secretaria do Comando do BCAV. 8423 era o então tenente Acácio Carreira da LUZ. Sempre de trato fino, humano e solidário, de porte permantemente a alto nível. A foto em que está com a esposa - a quem se chamou 1ª. dama dos Cavaleiros do Norte, no Encontro de 12 de Setembro de 2009 - mostra-o fresquinho que nem alface, do alto dos seus (agora) 80 e alguns anos. E ainda dias antes tinha feito a viagem do Algarve, até à Marinha Grande. A conduzir.
O 1º. sargento José Claudino Fernandes LUZIA era o responsável da secretaria da CCS.
O pessoal das secretarias era o seguinte:
- FURRIÉIS: José Carlos Pereira da FONSECA (amanuense, na secretaria geral, de Lisboa), e José Augusto Guedes MONTEIRO (de Operações Especiais, Ranger, de Marco de Canaveses).
- 1º.s CABOS: MIGUEL Soares Teixeira, Damião Augusto das Neves VIANA e VASCO de Araújo Soares Vieira (do Porto), José Lopes ESTEVES (Viseu), EMANUEL Miranda dos Santos (Gafanha, de Ílhavo), Fernando Manuel Martinho PIRES (Lisboa?), Jorge Manuel de Sousa PINHO, João Manuel Martins PIRES.
Muito provavelmente, algums soldados terão prestado serviço nas secretarias, mas, se tal aconteceu, não recordo os nomes.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

A bem-aventurada e prestimosíssima malta da alimentação...

Consoada do Natal de 1974, confecionada e saboreada na cozinha e refeitório do
Quitexe (em cima). Alferes miliciano Almeida (em baixo).

A cozinha era essencial. Os cozinheiros, a malta toda da alimentação, a dos reabastecimentos, dos depósitos de géneros alimentícios e de bebidas...
O topo da «hierarquia« era o alferes miliciano José Alberto Alegria Martins de ALMEIDA (foto ao lado), oficial de reabastecimentos, que chegou «atrasado» - apenas em Julho de 1974... - mas fez «obra». Ouvi, sobre ele, um rasgado elogio de um dos comensais do Quitexe e de 12 de Setembro de 2009: «Lutava por nós...». Mora em Albufeira e é cônsul de Marrocos no Algarve.
O furriel de alimentação era Francisco José Brogueira DIAS, do Porto - que diariamente trabalhava na secretaria, para preparar as ementas, não fosse faltar um grama de arroz, um decilitro de azeite; ou o peso na carne!
O grupo incluía mais estes companheiros:
- 1º.s CABOS: ALCINO Fernandes Pereira e José Maria Antunes de ALMEIDA.
- SOLDADOS: Carlos Alberto Morais da Silva (cortador), Joaquim da RESSURREIÇÃO Duarte, António Lourenço BAIÃO e José MIGUEL dos Santos (cozinheiros); José Joaquim Robalo REBELO e Carlos Manuel da Piedade Ferreira (auxiliares).
Em Novenbro de 1974, chegou o soldado Carlos J. F. Gomes.
Pontualmente, outros companheiros de outras especialidades «assessoravam» a área dos «comes-e-bebes». Lembro-me, de repente, do Alberto dos Santos FERREIRA (que emprestava colaboração ao depósito de géneros); do Joaquim Figueiredo de ALMEIDA (encarregado do refeitório dos praças e também padeiro) e do Armando Domingos GOMES, que se fez padeiro (os três do PELREC), e do Fernando Martinho GRÁCIO, sapador (no depósito de bebidas), ou o Rodolfo Hernâni Tavares TOMAZ, rádio-montador, no apoio à secção de reabastecimentos. Porventura outros, mais sazonalmente... Era gente que nos cuidava bem dos estômagos e a quem devemos a qualidade da comida que nos serviram em 15 meses de comissão.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Bairro Mbemba Nhango é tetra-vencedor do Carnaval de Carmona

Uíge, 19/Fev./2010 - O grupo carnavalesco "Segue-me" na classe A, do bairro Mbemba Ngango, classificou-se pela quarta vez consecutiva na primeira posição, ao vencer, com 182 pontos, a edição 2010 do Carnaval na província do Uíge, com direito a 400 mil kwanzas de prémio.
O segundo lugar da mesma classe coube ao grupo "União do Kimbele (136 pontos e 300 mil kwanzas) e o Zombo Kanda (62 pontos) teve vai ter direito a 200 mil kwanzas.
A primeira posição na classe B, infantil, 300 mil de prémio, coube ao grupo carnavalesco Triunfo, também do bairro Mbemba Ngango, vencedor dos anos 2008 e 2009, que somou 82 pontos.

A boa malta das Transmissões da CCS do BCAV. 8423 do Quitexe

Boa parte da rapaziada das Transmisões, com o alferes Hermida e esposa
(na foto e ao lado). Clicar mas imagens para as ampliar

A malta das transmissões era comandada pelo alferes miliciano José Leonel Pinto de Aragão Hermida. E nem é preciso dizer da vital importância que a especialidade tinha. As comunicações são essenciais, não podiam falhar. E não falharam.
O alferes Hermida (agora morador na Figueira da Foz) saiu em Março de 1975, sendo substituído por João Carlos Lima Curral, também alferes miliciano. O pelotão incluía os furriéis milicianos António José Dias CRUZ, residente em Lisboa (rádio-montador), José dos Santos PIRES, em Brangança; e Nélson dos Remédios da Silva ROCHA, em Vila Nova de Gaia (transmissões). E também:
- 1º.s CABOS: Rodolfo Hernâni Tavares TOMAZ, de Lousada, e António Correia Lourenço PAIS, em Viseu (rádio-montadores), António Carlos da F. MEDEIROS (operador-cripto, já falecido), João Francisco Lavadinho ESTRELA, em Lisboa (operador-cripto), José da Fonseca MENDES;e Luís Alberto Fernandes OLIVEIRAm en Via Real.
- SOLDADOS: Wilson da Silva MOREIRA (Penafiel), António Jorge Pereira da SILVA (rádio-montador), José António da Silva COSTA (TRMS), José Orlando Machado da SILVA, António do COUTO Soares e Humberto Mora ZAMBUJO, em Sines (rádio-telegrafista.
Em Janeiro de 1975, chegou o radiotelegrafista Joaquim F. N. Pexim.
- FOTO. A foto, para além de companheiros de transmissões, inclui outros, de outras especialidades.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

A rapaziada do parque-auto, os mecânicos, os condutores e outros que tais...

Malta do Parque-Auto em pose de confiança, no Quitexe (1974) e alferes
Cruz (em baixo). Clicar na imagem, para a ampliar


O pelotão do Parque-Auto incluía condutores, mecânicos e bate-chapas. Era comandado pelo alferes miliciano António Albano Araújo de Sousa CRUZ.
O pelotão tinha certificado de garantia de eficácia em todos os «terrenos» e dele dependiam, e em muito, o êxito de operações, escoltas, patrulhamentos e o serviço de transportes. Incluía o 1º. sargento Joaquim António do AIRES e o furriel miliciano Norberto António Ribeirinho Carita de MORAIS. E os seguintes companheiros:
- 1º.s CABOS: Rafael Serra FARINHA (mecânico-auto), João Fernando Carvalho Dias Monteiro, o GASOLINAS (combustíveis e lubrificantes), Carlos Alberto Serra MENDES (bate-chapas), Agostinho Pinto TEIXEIRA (pintor), Carlos Alberto de Jesus Mendes (mecânico-electricista), José das Dores Caeiro dos Frangãos, o CUBA (mecânico-auto), Joaquim Rama Breda (condutor) e Domingis Augusto TEIXEIRA (estofador).
- SOLDADOS: José Domingos da Encarnação GUERREIRO, António Clara PEREIRA e António da Conceição SIMÕES (mecânicos-auto), Henrique Nunes ESGUEIRA, Américo Manuel C. M. GAITEIRO, Joaquim CELESTINO Gonçalves da Silva, MIGUEL da Cruz Ferreira, Delfim de Sousa SERRA, Armando MONTEIRO dos Santos, VICENTE José Alves, Manuel Gomes ALVES, José António de Sousa GOMES, Alípio CANHOTO Pereira, Manuel BRITES da Costa, António do Rosário PICOTE e António dos Santos GONÇALVES (condutores).
Creio não faltar nenhum.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Há 35 anos, em viagem de Águeda até Santa Margarida

Cabos Milicianos Neto e Viegas no RC4 de Santa Margarida (1974)

Faz hoje 34 anos, era domingo. Antecipámos a nossa ida para Santa Margarida, pois a segunda-feira era dia de começo dos exercícios finais da Escola de Recrutas do BCAV. 8423, que por lá se formava. Instrução já especial, tendo em conta o objectivo para que estávamos mobilizados: Angola.
Saímos depois de jantar e de o Neto se despedir (já a morrer de saudades...) da sua namorada Eunice (Ni), que se despedaçava de ver partir o seu «mais que tudo» - sabendo que se preparava para a guerra colonial.
Falámos de futebol e do empate (1-1) do Recreio de Águeda, nesse dia e em S. Roque. A equipa liderava o campeonato distrital da 1ª. divisão de futebol de Aveiro, com mais dois pontos (47) que o Arrifanense (45), e ouvi no Café Zip-Zip, na minha espera pelo Neto - que vinha dos braços da namorada... - que tinha sido roubada pelo árbitro. Viria a ser campeã distrital e a subir à 3ª. divisão nacional.
Falámos de tropa, de Condeixa a Santa Margarida. A tropa era a nossa vida daquele tempo em que se semeiam sonhos e que a nossa geração tinha marcado pelo estigma da guerra. Tínhamos muito boa impressão do aspirante Garcia e queríamos conquistar as graças de soldados, empatizar e criar afectos, pois éramos irmãos de um futuro próximo, de medos e de riscos. Por aí fomos, trocando e concertando ideias para a manhã de 2ª. feira. «Temos boa malta...», dizia o Neto, sempre muito mais optimista que eu.
O futuro viria a confirmá-lo.

Os sapadores dos Cavaleiros do Norte do Quitexe

Alguns militares do Pelotão de Sapadores (em cima) e alferes Ribeiro (em baixo).



O Pelotão de Sapadores era comandado pelo alferes miliciano Jaime Manuel Rodrigues Picão RIBEIRO. E incluía os furriéis milicianos Sapadores de Infantaria Cândido Eduardo Lopes PIRES, Luís João Ramalho MOSTEIAS e Joaquim Augusto Loio FARINHAS (já falecido).
Os companheiros sapadores partilhavam com o PELREC - e o pelotão de uma das companhias operacionais mensalmente destacado no Quitexe - muitos dos serviços internos da guarnição.
O pelotão incluía também os seguintes militares:

- 1º.s CABOS: João de Almeida RODRIGUES, Gabriel Alves MENDES, SILVÉRIO Teixeira Cardoso, José Adriano Nunes LOURO (falecido), Fernando Martinho GRÁCIO e ALBINO Jorge de Oliveira Pires.
- SOLDADOS: Manuel Augusto Nunes (AMARANTE), Francisco Simões CARLOS, Joaquim Castro SOUSA, António Gomes CALÇADA, José Gomes COELHO, AFONSO HENRIQUES de Sousa, António José da Silva AMARAL, Américo da Silva OLIVEIRA, Albino Marques DIAS, Mário da Silva MOREIRA, BALTAZAR Serafim Brites e JERÓNIMO de Oliveira Sousa.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Os cabos e soldados Cavaleiros do Norte do Quitexe

O PELREC da CCS do BCAV. 8423, antes de sair para mais uma
operação. Clicar na imagem, para a ampliar

Um companheiro e amigo Cavaleiro do Norte, do Quitexe, pede para aqui relembrar a composição dos pelotões da CCS do BCAV. 8423. «Se já apresentou os oficiais e os sargentos, porque não apresenta também os praças?», perguntou Cabrita.
Pois não custa nada e, no mais que puder, farei aqui a memória da malta. Bem merece. Podendo, obviamente, faltar um ou outro - que passe na peneira do Livro da Unidade. E se me dão licença, aqui começo com o «meu» PELREC, não levem a mal.
- OFICIAL: Alferes miliciano de Operações Especiais (Ranger´s) António Manuel GARCIA (já falecido). O último de pé, à direita.
- SARGENTOS: Furriéis milicianos de Operações Especiais (Ranger´s), José Augusto Guedes MONTEIRO, Celestino José Pinheiro Morais VIEGAS (sexto em pé, a contar da esquerda) e José Francisco Rodrigues NETO (primeiro à direita, em baixo).
- 1º.s CABOS: Jorge Luís Domingues VICENTE (já falecido), Fernando Manuel SOARES, João Augusto Rei PINTO, Augusto Sousa HIPÓLITO, Ezequiel Maria SILVESTRE, ALBINO dos Anjos Ferreira, José Manuel de Jesus CORDEIRO e Joaquim Figueiredo de ALMEIDA (falecido),
- SOLDADOS: Francisco José Matos MADALENO, Raúl Henriques CAIXARIAS, João Manuel Lopes MARCOS, Francisco Fernando Maria ANTÓNIO, Carlos Alberto Aguiar LAJES, Jorge António Pinto BOTELHO, Vitor José Ferreira FRANCISCO, Alberto Santos FERREIRA, José Coutinho das NEVES, Armando Domingues GOMES, Manuel LEAL da Silva (já falecido), Augusto FLORÊNCIO, DIONÍSIO Cândido Marques Baptista, Aurélio da Conceição Godinho Júnior (BARBEIRO) e João Manuel Pires MESSEJANA.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Instrução militar à... Ranger no Destacamento do RC4!

Entrada do Campo de Instrução Militar de Santa Margarida


Hoje, se estivéssemos em 1974, seria sexta-feira e dia em que almoçávamos na messe de sargentos do RC4 e, de rota batida, abríamos alas para Águeda - no SIMCA 1100 do Neto, azul escuro, a papar quilómetros atrás de quilómetros, com a gasolina 4$50 o litro. Ou 6$50?! Qualquer coisa como €0,0225, ou 0,0325.
Vínhamos por aí acima, a dar à língua sobre as incidências da semana e não nos dispensando de algum comentário mais apimentado, satirizando uma qualquer passagem mais divertida com os (nossos) soldados do pelotão. E havia sempre um qualquer situação mais pitoresca para comentar.
Ao tempo, acabava a Escola de Recrutas e, na segunda-feira seguinte, ia começar o chamado IAO - instrução especial que nos «preparava» para a guerra, já mesmo a sério!

«O que é que achas, pá?...», perguntava o Chico Neto, sobre o que nos esperava.
Ora eu não achava nada. Tínhamos que fazer o tal IAO, pois faríamos. Tínhamos gosto no nosso pelotão, que se engravidava de orgulho por ter «ranger´s» na sua frente e tornaram-se lendárias, até, as marchas do pelotão, à... Ranger, na parada do Destacamento. De joelho para cima e palada de mão direita a tremular em força. Faziam gosto nisso, assumindo-se diferentes dos outros pelotões, nisso se espelhando a sua (deles) vaidade de ser «pelrec». Tínhamos essa impressão... como certa!
«Eu acho que não vamos ter problemas...», respondia-se o Neto, sempre muito mais optimista que eu. «Vamos ter um pelotão à Lamego...», e gritava «Yáááááá!!!!!........», enquanto acelerava pelas estradas de Abrantes a Tomar, até Condeixa - onde endireitávamos rota para Coimbra e Águeda.
Esse fim de semana, de alguma maneira, foi especial, pela nossa ansiedade relativamente ao IAO. Como se iriam comportar os nossos companheiros do «pelrec», em situações mais próximas da realidade? Até com bala real? Por nós, meses antes saídos da dura instrução de Penude, estávamos à vontade. Ia começar o primeiro grande teste, a partir de 18 de Fevereiro, na Mata Soares. Teste ganho pelos sempre leais e bravos «pelrec´s". A instrução «à Lamego...» tornou-os donos de mais garbo e militarmente muito bem preparados!
- IAO. Instrução Altamente Operacional, realizada imediatamente antes da partida para os teatros de guerra.
- PENUDE. Localidade nos arredores de Lamego, onde estava instalado o Centro de Instrução de Operações Especiais (CIOE), os Ranger´s.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Malária na Damba afectou 5 229 pessoas


Enviada_por_Ivo_cardoso_5-copie-5.jpg

Uíge - O hospital Municipal da Damba registou 5229 casos de malária em 2009.

Damba fica a 197 quilómetros a norte da cidade do Uíge (Carmona) e a notícia foi divulgada pela ANGOP, que ouviu Maria Mutu Kuka, a directora do hospital - que, em 2009, atendeu 2769 crianças de ambos os sexos na pediatria, 3769 adultos, na medicina, e 1654 pacientes consultadas na maternidade local, onde nesceram 606 bebés, entre rapazes e raparigas. Faleceram 47 crianças na pediatria, 40 na medicina, três na cirurgia e um na tisiologia.

A pediatria teve 1296 internamentos, para além de1020 na medicina, 1834 gestantes na maternidade, 86 na cirurgia e 12 na tisiologia.

A malária, as doenças diarreicas e respiratórias agudas e a gastrites são mais frequentes no município - que registou 1229 casos de malária, 185 de DDA, 326 de diarreias agudas e 471 de gastrite.

Poesias...


Vou partir para a metralha, amor!
Carrego de morte os bolsos e os olhos
Doidos de manhãs claras, rasgadas no infinito.
Afivelo a alma bem dentro da alma. Calma!
Mas, de medo, trauteio a marcha do Rio Kweit!

Não quero sujar as mãos de qualquer remorso
Não quero ser cobarde se o medo me espreitar.
Tenho o meu povo e a minha bandeira
E, se tombar no sangue, no trilho ou na lama,
Será para ti, amor,
A força e o sim do meu último olhar.

Vou partir para a metralha,
amor!

Galgo a picada, no meio de muitos homens,
30 jovens paridos de mães saudosas,
Rapazes amantes de namoradas nervosas,
Suados pelo sol forte da terra vermelha d´Angola....

As mulheres, na tabanca,
De olhos grandes e mãos pousadas no ventre,
Ouvem o eco dos filhos crescendo na terra
E põem o coração no poente que morre.
Olham para nós, vagamente, de seios caídos
E catanas pousadas no chão,
Que mais parecem espadas ou punhais a sangrar-nos
Como o porco que se abate pelo Natal

Uma velha cachimba, sentada na soleira
E olha os meninos, não vão eles cair...
São meninos sujos de ranho e terra
Mil meninos nus, mais de mil, quase todos nus...
Que brincam não sei a que jogo e sorvem cajús
E devoram mangos como se fossem pão,
Os meninos nus!...

Carrego de morte os bolsos
E os olhos doidos de manhãs claras,
Rasgadas no infinito!
Afivelo a alma bem dentro da alma.Com calma!
Mas, de medo, trauteio a marcha do Rio Kueit.

Vou partir para a metralha,
amor!

É urgente galgar a picada, com estes homens,
Trinta jovens!! São trinta jovens!!!
Trinta jovens tal como eu,
Todos paridos de mães saudosas
E amantes inquietos de namoradas nervosas
Aqui pisando a terra vermelha d´Angola
Carregando mochilas de vida e de morte,
Com armas, medos e obuses,
Granadas espalmadas pela coxa direita molhada de suor.

Vou partir para a metralha,
amor!

Teu amor, amor...
Teu amor anda na guerra
E traz os olhos gretados de lágrimas
Que lhe choram do sol quente.
Não é medo, amor...
É o sentir de gente!

Um irmão negro mata uma serpente cuspideira
E eu leio-lhe sombras de angústia nos olhos...
A tarde veste margens da amargura na alma
Que se nos resta ao sol-pôr
Enquanto nos lembramos dos meninos nus
E das suas brincadeiras,
E recuamos ao adro das nossas meninices.

O Carlitos, lembras-te?
Com quem corriámos no roubo dos ninhos
Nos assaltos aos cachos e às laranjeiras?!
E da catequista da doutrina?!
E os seios da vizinha que cresciam,
medrando sobre a blusa?!
E a professora enchendo de apetites
a gulodice dos putos?!
E do primeiro beijo roubado na sacada da escola!?


Vou partir para a metralha, amor...
Carrego de morte os bolsos
E os olhos doidos de manhãs claras,
Rasgadas no infinito...
Afivelo a alma bem dentro da alma. Calma.
Mas, de medo, trauteio a marcha do Rio Kweit...


Volto e lá estão as velhas negras, cahimbando
Mães negras que seriam brancas como as nossas
E são felizes e iguais como se o mundo,
O mundo todo estivesse nas suas mãos.

E ainda lá estão os meninos nus
Que olham para mim,
De mochila carregada aos ombros, de medo,
A trautear a marcha do rio Kweit...

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Os tempos de Santa Margarida, gente e orçamentos de 1974


Santa Margarida foi campo da nossa preparação militar para Angola. O PELREC crescia e o que se «lia» nos olhares e se sentia na alma dos nossos companheiros era um grande sentimento de confiança. A instrução, no Destacamento do RC4 e terrenos adjacentes, decorria «a bom nível», como refere o Livro da Unidade.

A esta altura de Fevereiro de 1974, o presidente da Câmara Municipal de Águeda, Horácio Marçal (de quem eu viria a ser colaborador durante cerca de 30 anos, em funções que nada tem a ver com política), foi nomeado Governador Civil de Aveiro. E Manuel José Homem de Mello, Conde de Águeda, hoje director honorário da empresa onde trabalho, deixava a direcção do jornal «A Capital». Fôra delegado de Portugal na ONU (1971/72) e deputado da Assembleia Nacional, em 1956/61, 1969/73 e 1973/74.

A notícia de Marçal como Governador Civil foi-me dada por ele próprio, em cartão que me enviou para o RC4, e lembro-me de comentar o facto com o Neto. «O dr. vai longe na política. Não lhe meteste uma cunha?...», perguntou-me. Referia-se o Neto ao facto de eu (não) ter tentado não ser mobilizado (meu pai tinha falecido ano e meio antes) e de Horácio Marçal ser, ao tempo, um político em ascensão. Eu próprio, em Setembro de 1972, na Quinta da Aguieira (do Conde de Águeda), tinha assistido à atenção que lhe dera Marcelo Caetano - o Presidente do Conselho. Só que não fiz isso e, para se fazer história, Horácio Marçal saíria de Governador Civil de Aveiro logo depois do 25 de Abril.

Outra curiosidade da época era o orçamento da Câmara Municipal de Águeda, para 1974: 44 mil contos. Qualquer coisa como 220 mil euros. Para que possamos comparar com os dias de hoje, o administrador da PT que pediu a providência cautelar para o jornal Sol não publicar documentação das chamadas «escutas», ganha(rá) 500 mil euros por ano - 100 mil contos, quase 2,3 vezes mais que o orçamento de CMA em 1974.

O Campo Militar de Santa Margarida continuava a ser a nossa casa operacional , torneando-se as dificuldades existentes e agilizando-se a capacidade física e mental dos bravos soldados e cabos que formavam o PELREC - ao tempo comandados pelo aspirante miliciano Garcia, com os cabos milicianos Neto e eu (Viegas). O Monteiro já se fixara na secretaria.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

A extinção do Comando de Sector do Uíge

Edifício do Comando do Sector do Uíge, em Carmona (1975)

Por estes dias de Fevereiro de 1975, soube-se da data de extinção do Comando de Sector do Uíge, em Carmona. Seria a 13, o que implicava, em termos organizacionais da estrutura militar, a dependência do BCAV. 8423 passar a ser directamente da Zona Militar Norte.
Para dizer verdade, era coisa que nada que nos incomodava, ou preocupava. Bem ao contrário. O que nós realmente queríamos mesmo era ir para Carmona, depois para Luanda, depois para Lisboa e para as nossas casas.

O que se sabia - o que se ia subentendendo... - era que iriam ser formadas as chamadas tropas de integração, o que nos oferecia algumas dúvidas e temores. Alguns constrangimentos. Mas quem éramos nós para tal coisa questionar?
Forças de integração, a grosso modo, corresponderiam à formação do (então) futuro Exército de Angola - que integraria militantes dos três movimentos emancipalistas: FNLA, MPLA e UNITA. E a tropa portuguesa, que lhes daria instrução nas múltiplas especialidades militares. E com eles, integrados, se registaram alguns incidentes, já em Carmona. Aqui falaremos deles, em tempo próprio.
Por esta altura, reaparecerem pelo Quitexe alguns ex-GE´s, que se iam integrando nos movimentos - não sabendo eu dizer se, entre eles, houve algum ajuste de contas, pois continuar(v)am a ser considerados traidores da pátria angolana - por terem servido o exército português.

Histórias de vinganças, ouvimos muitas. Mas não testemunhei nenhuma.

- ZMN:
Zona Militar Norte, com sede em Luanda. Dela, dependia o Comando de Sector do Uíge.

- MPLA.
Movimento Popular de Libertação de Angola, liderado por Agostinho Neto. Tinha pouca expressão no Uíge.

- FNLA.
Frente Nacional de Libertação de Angola, liderada por Holden Roberto. Estava muito implantado no Uíge.
- UNITA. União Nacional para a Independência Total de Angola, liderada por Jonas Savimbi. Não tinha expressão no Uíge.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

O guião e emblema do Batalhão de Cavalaria 8423




Fevereiro de 1974, há 36 anos. O Batalhão de Cavalaria 8423 formava-se no Destacamento do Regimento de Cavalaria nº. 4, no Campo Militar de Santa Margarida. Principalmente com atiradores e alguns serviços.
O espírito do batalhão ganhava corpo, procurando coesão e disciplina. Jovens e irreverentes, mas marcados desde a criancice pelo estigma da guerra colonial, aceitávamos pacificamente as orientações que recebíamos e, valha a verdade, não havia quaisquer constrangimentos: assumia-se a «fatalidade» como um «detalhe» da vida!
A 11 de Fevereiro de 1974, foi conhecido o crachá do batalhão, que igualmente seria adoptado para emblema braçal, identificando-o em qualquer lado. Com o lema «Perguntai ao Inimigo Quem Somos». O emblema era em fundo preto, tendo as companhias operacionais escolhido, para este, as cores vermelha (1ª.), azul (2ª.) e castanha (3ª.).
O lema seguia as tradições do RC4 - a unidade mobilizadora. E lá estava o cavaleiro, em figura estilizada e de escudo, elmo e espada em posição de ataque. Acompanhar-nos-ia até ao final da comissão. E até agora!

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Os Cavaleiros do Norte das Transmissões...

Cavaleiros das Transmissões: ???, Pires (furriel), Hermida (alferes),
Oliveira e Mendes. Em baixo, Zambujo, Soares, operador de mensagens e Jorge Silva

A malta das Transmissões era fixe!! Solidária e competente! Dela, ou deles..., dependia muitas vezes o êxito de uma operação. E de uma me recordo muito bem - quando, com 32 GE´s, galgámos as matas da Baixa do Mungage, por três dias e duas noites, ficando sem contacto com o aquartelamento logo ao fim da manhã do primeiro, lá pelos Julhos/Agostos de 1974.

Foram horas amargas, que se fizeram dias de angústias, e abençoei-me muitas vezes pelo rigor dos conhecimentos capitalizados no CIOE, em Lamego, em matéria de comunicações. Azimute em punho e plano de operação dobrado em dois (ou quatro), lá caminhámos nós pelos trilhos de perigos que não conhecíamos e nos levariam, como levaram, até à Fazenda Vamba, creio eu.

Só ao terceiro dia, pelo nascer da manhã, conseguimos a ligação com o Quitexe, através do pesado Racal (TR 28?), depois de montar antenas numa clareira, e ainda sinto na alma a frustração de o operador de rádio na vila não nos «aceitar», tendo mesmo eu de falar em claro - sem os códigos de segurança militar, para que nos identificasse e aceitasse a mensagem.

A foto foi-me facultada pelo (furriel) Pires, o de Transmissões, de Bragança, e que pena tenho eu de não poder identificar todos estes Cavaleiros do Norte!!! Alguém nos pode ajudar nesta homenagem?! Dizendo-nos os nomes dos não identificados?

- CIOE. Centro de Instrução de Operações Especiais, em Lamego,

- NOTA: O João Dias, furriel de transmissões da 1ª. CCAV, a de Zalala, veio identificar o 1º. cabo Jorge Silva - que era daquela compamhia, comandada pelo capitão miliciano Castro Dias. Curiosamente, trabalha (o Silva) na messe de sargentos, na Rua Luciano Cordeiro, em Lisboa, e mora no Cacém. Estava lá em Setembro de 2008. Ele há... curiosidades!

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Campo de Férias Universitário no Uíge




A província do Uíge vai acolher, de 22 a 27 de Fevereiro, o 8º. Campo de Férias de Estudantes Universitários (CANFEU), com a participação de 1500 pessoas.
A notícia foi hoje divulgada pela ANGOP, dando nota que a promoção é do Secretariado Nacional da Organização Juvenil do MPLA (JMPLA) e que decorrerá no Instituto Médio Agrário, sob o lema "Preparamos a juventude para os desafios do presente e do futuro".
Ver
AQUI.

O fim das escoltas na Estrada do Café

Estrada do Café, na zona do Quitexe, entre as cidade de Carmona e Luanda


A 7 de Fevereiro de 1975, fez agora 35 anos, deixou de ser feita a escolta à chamada Estrada do Café - a que liga(va) Carmona (actual Uíge) a Luanda.
A tarefa era desgastante e até perigosa, porque não dizê-lo? Galgavam-se quilómetros atrás de quilometros entre matas cerradas, intervaladas de uma ou outra povoação, e para... nada! E sem nunca se saber o que nos esperava.
Para nada, ou para sofrermos a angústia de quem parte para uma missão, armado até aos dentes, e sabe que pode «cair» emboscado por algum atirador que obviamente não dava a cara. E eram muitos frequentes, e nem sempre fáceis, os incidentes com civis europeus - nomeadamente motoristas de longo curso. Já por aqui relatámos alguns.
A novidade foi muito bem recebida na guarnição, principalmente entre os militares que asseguravam as escoltas e se desgastavam em horas diárias de tráfego tenso: os bravos e garbosos «pelrec´s» e os corajosos companheiros da 3ª. Companhia, que semanas antes tinham chegado de Santa Isabel.
O serviço de escolta era, e socorro-me do Livro da Unidade para o definir, «assaz desgastante para o pessoal e viaturas e que não conduzia a qualquer finalidade prática». Nunca nós, jovens Cavaleiros do Quitexe, concordámos tanto com o Comando. Sem perdermos de vista outras obrigações que nos cabiam em ordem de serviço. E uma escapadelas a Carmona, a cidade que, a 40 quilómetros, nos acenava com desafios e satisfazia apetites da idade.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Comício da FNLA em Quitexe...

Aldeia do Talabanza, à saída do Quitexe para Carmona (esquerda)

Fevereiro de 1975, dia 8, um sábado! A guarnição sabe da realização, no dia seguinte, de um comício da FNLA no Quitexe - estranhamente colaborado pelo PAIGC, da Guiné-Bissau. Os operacionais são alertados para a eventualidade de intervenção. Há nervosismo evidente.
Seis dias antes, um domingo, em Aldeia Viçosa, a 2ª. CCAV. 8423 tivera de intervir para sanar incidentes entre o MPLA e a FNLA. A rapidez da acção operacional dos comandados do capitão José Manuel Cruz, fôra decisiva. A situação, no Quitexe, apresentava-se com muitas dúvidas, mesmo grave, e foram tomadas medidas operacionais preventivas: patrulhamentos e postos de sentinela reforçados, o piquete de prevenção em alerta! Não fosse o diabo tecê-las, a tropa passou ao fim de tarde e já noite adentro, pelas aldeias do Talabanza, Canzenza e Aldeia. Mostrando-se!
O PELREC «estacionou» toda a noite na pista de aviação em alerta. Poderia ter de «invadir» o Quitexe, a cada momento, por um dos flancos. A garantir segurança de pessoas, principalmente! Eram conhecidos e propagandeados alguns ódios sobre europeus brancos e todos nos lembrávamos dos ataques de 30 de Setembro, na área do Liberato. E aos homens da JAEA, na Quinta das ARCAS, e da morte de um madeireiro branco.
A guarda detectou, pela madrugada do dia 8, movimentos e ruídos estranhos para lá do capinzal. Temeu-se o pior e rastejaram, em espreita atenta, com olhos de ver, o Marcos e o Francisco - dois bravos pelrec´s. Homens sem medos. O cabo Vicente, fez a ligação com o pelotão, todo ele armado de G3 e com bala na câmara. O Neto, preparou o dilagrama! Suávamos todos, na madrugada que crescia - enquanto, via rádio, comunicávamos e recebíamos instruções do alferes Garcia, com um outro grupo em guarda para os lados do Posto 5. Foi despistada a evolução de uma pequena coluna de meia dúzia de homens armados. Avançou o Neto. Um de nós tinha de ir, outro de ficar. São momentos que, 35 anos depois, parecemos estar a sentir no som do teclado, pausado como o bater do coração daquela madrugada. As instruções chegaram: controlar o grupo, não interferir. Por momentos, intervalados, a meia dúzia de homens esteve debaixo da mira do fogo das G3. O Neto, se tivesse de atirar, não falharia o dilagrama, a granada defensiva esfacelaria os homens. Mas nada disso foi preciso.
O comício do fim de tarde de 8 de Fevereiro de 1975 decorreu sem problemas. Felizmente!

domingo, 7 de fevereiro de 2010

A pacaça que, afinal, era um boi do Pimenta...

Pacaça, espécie de vaca selvagem e peça de caça habitual na zona do Quitexe

JOSÉ LAPA
Texto
Não havia, na CCS, muitos caçadores de perdizes. A essa actividade se dedicava, quási em exclusivo, o tenente Inocêncio, chefe da Secretaria! Outro tanto não sucedia com os caçadores de "caça grossa"! Animados com o êxito do 2º. Comandante (o major Pinheiro), que dia-a-dia vinha engrossando a sua valiosa colecção de troféus, os rapazes da Companhia iam afirmando, sempre que podiam, a sua extraordinária inclinação para a caça.
Gostavam de "caça grossa" e lá tinham as suas razões. É que os bons rapazes que não iamà mata, viam passar os meses sem uma oportunidade de fazer o gosto ao dedo, de mostrar o seu valor, já que, felizmente os IN não vinha ao Quitexe.
Justo era salientar o cuidado com que a malta ia fazendo uma preparação progressiva, procurando encontrar o calo que caracterizava o bom caçador. Assim, começou por atirar aos pirilampos que se atreviam a passar a linha de defesa do Quitexe. Até havia quem dissesse que alguns "valentes" disparavam convencidos de que se tratava de "turras", que comunicavam entre si com lanternas de bolso. Que isso de pirilampos é conversa! Sempre nos mantivemos na nossa, isto é, sempre acreditámos tratar-se de preparativos para a caça. E os factos foram-se encarregando de isso demonstrar.
Os tiros que tantas noites nos faziam saltar da cama, atraídos pelo som que cheirava a "põe-te a pau", não eram mais que a expressão desse treino persistente - que havia de "fabricar" bons caçadores. De resto, o resultado estava á vista!
Dia 16, cerca das 22,30 horas, saiu para os lados de Aldeia Viçosa e em serviço de controle, um grupo de devotos de S. Huberto. Quero dizer, uma Secção de Atiradores. A uns 300 metros do Quitexe, a equipa de um Unimog que se atrasara, para permitir uma melhor observação de certa zona, foi "atacada" por um vulto estranho. Estabeleceu-se a natural confusão, houve alarme geral! O GMC, cozinheiro de profissão, garantia tratar-se de um burro transportando dois sacos de couves para o mercado do dia seguinte! O cabo Morteiraço gritava que é um elefante - apostava, até, que lhe tinha visto a tromba!
A 100 metros daquela aparição fantasmagórica, o Unimog parou. O condutor, um desempoeirado moço com 150 centímetos bem medidos, "descobriu" que era, afinal, uma "feroz" pacaça que se aproximava, cautelosa, para os liquidar! E, sentindo chegar o seu fim, encomendou a alma a Deus e pediu a G3 ao GMC. O bicho avançou, indiferente à confusão que reinava a poucos passos. Avançou mais uns metros, enquanto as suas "vítimas" sentiam chegada a hora que marca o fim! O Fernando empunhou a G3, mas tremeu de tal modo que mal conseguia segurá-la. A pacaça não interrompeu a marcha. Porém, soou um tiro e o Bolinhas apercebe-se de que aquilo estava carregado!
A pacaça interrompeu a marcha. Caiu! Estavam salvos! Atiraram mais uns balázios, não fosse o diabo tecê-las, que estes bichos são traiçoeiros! Agora sim, estava morta! O medo desapareceu, substituído por alegria enorme. Todos abraçaram o Bolinhas, o seu salvador, e este sentiu que, afinal, não era só o major que matava pacaças!
Entretanto e enquanto se faziam projectos para umas cucas que haviam de regar as saborosas bifanas, aproximaram-se da pacaça, abatida com tanta valentia. Mas o que é isto? Ah!..., Ah!..., mas que decepção!
«Não é uma pacaça...», disse o Morteiraço.
«Pois não!...», confirmou o GMC.
«É um boi do Pimenta...», desabafou o Bolinhas.
«Estou tramado!...», lamentou-se o Bolinhas.
E lá ficou a tremer, amaldiçoando aquela hora do diabo em que matou uma pacaça que, afinal, era boi!
- LAPA. José Lapa. furriel miliciano do Batalhão de Artilharia 796, que esteve no Quitexe entre 1965 e 1967.
- HISTÓRIA. História verídica, envolvendo militares da CCS do Batalhão, passada no dia 16 de Dezembro de 1966. O boi era de Pimenta, comerciante de gado do Quitexe.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Cavaleiros do Norte da CCS do Quitexe vão reunir a 29 de Maio

Os Cavaleiros do Norte reunidos em Águeda
(clicar na imagem, para ampliar)

O Comando e a CCS do Batalhão de Cavalaria embarcaram para Angola a 29 de Maio de 1974. A 29 de Maio de 2010, 36 anos depois, os Cavaleiros do Norte do Quitexe vão reunir-se na zona da Abrantes. Vai ser um dia de festa e de emoções. Como as de 12 de Setembro de 2009, na Estalagem da Pateira em Fermentelos (Águeda).

A organização já está no terreno: o (alferes) Ribeiro, o atirador Aurélio (Barbeiro) e o condutor Vicente. Foram «nomeados» em ordem de serviço e estão eles a cumprir a missão. Um Cavaleiro de Norte não falha um serviço. Cumpre-o! Garboso, serenamente, sem dúvidas!!! Hoje, já estiveram no terreno, em «busca» da parada para o«desfile» de 29 de Maio.

A ideia é que sejamos mais que os que, em Setembro de 2009, confraternizaram por Águeda, matando saudades e revivendo partilhas e afectos que nos fizeram mais irmãos, nos já distantes anos de 1974 e 1975. A máquina está em andamento e cada um de nós deve tentar localizar mais um companheiros da nossa jornada de África, onde fomos ver um país novo a nascer e de lá voltámos seguros de uma missão cumprida que nos honrou. E aqui sublinhamos no altar do nosso orgulho.

A malta pode contactar, desde já, o trio organizador: Ribeiro (241897377 e 912670944), Aurélio «Barbeiro» (917299292 e 249391337) e Vicente (968555090 e 274898456).

- Partida para Angola: Ver AQUI.

- Ver relatos do enconto de Águeda, a 12 de Setembro de 2009: http://cavaleirosdonorte.blogspot.com/2009/09/o-encontro-da-ccs-do-bcab-8423-em.html, http://cavaleirosdonorte.blogspot.com/2009/09/um-encontro-que-me-deixou-saudadese.html e dias seguintes.


sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

11 480 moscas tsé-tsé capturadas, em 2009, no Uíge


Uíge: 11480 moscas tsé-tsé foram capturadas de Janeiro a 31 de Dezembro de 2009, na província do Uíge, no âmbito da campanha do Departamento de Controlo da Tripanossomíase do Uíge.
Segundo o responsável provincial da instituição, José Tito Baxe, foram montadas 344 armadilhas, das 1200 recebidas da Direcção Central do Controlo da Tripanossomíasse. Foram prospectadas 33 519 pessoas, das quais 25 000 na prospecção activa (ida do médico ao encontro do doente) e as restantes na passiva, nos municípios do Uíge, Songo, Quitexe e Maquela do Zombo.

Notícia total, AQUI.

Incidentes em Aldeia Viçosa e os passeios da «cavalaria»...

A Lagoa do Feitiço em 2004 (foto de Luís Fernando), em cima, e
o Posto Administrativo de Aldeia Viçosa nos anos 60 (net)
Feriado oficial do MPLA, 4 de Fevereiro de 1975. O movimento de Agostinho Neto não tinha grande expressão na área do Quitexe e a data passou quase despercebida. Mas dois dias antes, em Aldeia Viçosa, tinham-se registado incidentes de alguma gravidade - durante um comício da FNLA e justamente entre militantes dos dois movimentos. Coisa parecida acontecera a 26 de Janeiro. Ver AQUI.
A pronta intervenção das NT, as da 2ª. CCAV. 8413 (comandada pelo capitão miliciano José Manuel Cruz), agora, e de novo, evitou males maiores, mas ficaram (ou multiplicaram-se) cicatrizes que o tempo não viria a sanar. E nem foi, obviamente, por estes incidentes - absolutamente irrelevantes na história do país que então nascia.
Era domingo e alguns cavaleiros do Norte andaram em passeio pelas redondezas, onde havia a mítica e célebre Lagoa do Feitiço, na área do Dambi Angola - justamente para os lados de Aldeia Viçosa. Lagoa que era (é) referência obrigatória em qualquer viagem ao Uíge.
Dizia-se por lá .... - e obviamente acreditava quem queria - que tocar nas águas da lagoa era desafiar a morte, quem lhes tocasse morreria. Era esse o feitiço, na crendice popular, mas a verdade é que a tropa não se atemorizava com tal e por lá passeava algumas das suas folgas domingueiras.

Soube-se depois dos incidentes em Aldeia Viçosa.
- CRUZ. José Manuel Romeira Pinto da Cruz, capitão miliciano de infantaria. Natural e residente em Esmoriz, onde é professor da Escola EB 2,3 Florbela Espanca.
- NT. Nossas Tropas. Gíria atribuída às Forças Armadas Portuguesas.

Post sobre um passeio dos
Cavaleiros do Norte, AQUI.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Descobrir Angola sem o peso das G3 nos braços...


O mês de Fevereiro de 1975 teve muitos momentos de dúvidas (já aqui se falou disso) e de alguns... passeios. A carga operacional ia gradualmente diminuindo e aumentou a possibilidade de se fazer turismo, nomeadamente aos fins de semana. Turismo aberto aos militares do BCAV. 8423 instalados no Quitexe.

Há memórias vivas de visitas Malanje e às Quedas do Duque de Bragança. A imagem mostra o (furriel miliciano) Pires, curiosamente o de Bragança, deixando-se confundir com as quedas de água do dito Duque. Realmente majestosas! Chamava-nos nós «psico» a estas iniciativas - que aliviavam as cargas emocionais que nos constrangiam os dias de expectativa e insegurança que se viviam em relação à saída para Carmona, para o BC12. E depois para Luanda e... Lisboa.

«Psico» era um paliativo de acção psicológica, que era uma das preocupações dos comandos, a par da assistência espiritual (pelo capelão militar, a quem muitos recorriam) e de "programas de rádio" atamancados em cassetes de hora e meia, grávidas de palavras de partilha e de música de saudade que enchia as casernas de emoções. Mas não havia melhor «psico» que um bom "desenfianço" para Carmona, ou mais remotamente para Luanda. Ou deitar os olhos em cima das cachopas que se passeavam nas ruas do Quitexe e/ou, vindas da missa, mostravam vestidos de baínha alta, lá para cima do joelho. Era um regalo...

Visitas passeadas, em datas diferentes, fizeram-se também por Cacuso e Salazar (agora chamada N´dalatando), Lucala, Samba Caju e Calandula. Era bom descobrir Angola, como civis... Sem as sombras dos quicos, a "psicose" dos camuflados vestidos ou o peso das G3 nos braços da nossa juventude. Há 35 anos!