sábado, 13 de fevereiro de 2010

Os tempos de Santa Margarida, gente e orçamentos de 1974


Santa Margarida foi campo da nossa preparação militar para Angola. O PELREC crescia e o que se «lia» nos olhares e se sentia na alma dos nossos companheiros era um grande sentimento de confiança. A instrução, no Destacamento do RC4 e terrenos adjacentes, decorria «a bom nível», como refere o Livro da Unidade.

A esta altura de Fevereiro de 1974, o presidente da Câmara Municipal de Águeda, Horácio Marçal (de quem eu viria a ser colaborador durante cerca de 30 anos, em funções que nada tem a ver com política), foi nomeado Governador Civil de Aveiro. E Manuel José Homem de Mello, Conde de Águeda, hoje director honorário da empresa onde trabalho, deixava a direcção do jornal «A Capital». Fôra delegado de Portugal na ONU (1971/72) e deputado da Assembleia Nacional, em 1956/61, 1969/73 e 1973/74.

A notícia de Marçal como Governador Civil foi-me dada por ele próprio, em cartão que me enviou para o RC4, e lembro-me de comentar o facto com o Neto. «O dr. vai longe na política. Não lhe meteste uma cunha?...», perguntou-me. Referia-se o Neto ao facto de eu (não) ter tentado não ser mobilizado (meu pai tinha falecido ano e meio antes) e de Horácio Marçal ser, ao tempo, um político em ascensão. Eu próprio, em Setembro de 1972, na Quinta da Aguieira (do Conde de Águeda), tinha assistido à atenção que lhe dera Marcelo Caetano - o Presidente do Conselho. Só que não fiz isso e, para se fazer história, Horácio Marçal saíria de Governador Civil de Aveiro logo depois do 25 de Abril.

Outra curiosidade da época era o orçamento da Câmara Municipal de Águeda, para 1974: 44 mil contos. Qualquer coisa como 220 mil euros. Para que possamos comparar com os dias de hoje, o administrador da PT que pediu a providência cautelar para o jornal Sol não publicar documentação das chamadas «escutas», ganha(rá) 500 mil euros por ano - 100 mil contos, quase 2,3 vezes mais que o orçamento de CMA em 1974.

O Campo Militar de Santa Margarida continuava a ser a nossa casa operacional , torneando-se as dificuldades existentes e agilizando-se a capacidade física e mental dos bravos soldados e cabos que formavam o PELREC - ao tempo comandados pelo aspirante miliciano Garcia, com os cabos milicianos Neto e eu (Viegas). O Monteiro já se fixara na secretaria.

1 comentário:

Anónimo disse...

Outros tempos...