sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Pequenos incidentes numa das últimas noites do Quitexe...

Bar do Rocha (Quitexe), na estrada de Luanda para Carmona (em frente)

Hoje, no dia de hoje de 1975, era 4ª. feira e jantei no bar do Rocha, com o Neto e outros amigos na mesma mesa. E muitos militares, em outras. Comemos os convencionais bifes com ovo a cavalo e cerveja, muita cerveja, depois de uns pratos de camarões.
A partida para Carmona estava por dias e eu já aprontara as duas malas com as minhas quitangas. O Neto, nestas coisas deixava-se sempre mais para o fim e iria fazê-las mesmo de véspera. No dia, tínhamos ido a Vista Alegre e Aldeia Viçosa, escoltando o capitão Falcão - que lá foi diligenciar a rotação do BCAV. Iria a 2ª. Companhia para Carmona (connosco), iria a 1ª. CCAV. 8423 para o Songo (se me lembro bem).

O ambiente do restaurante era inamistoso para os tropas e sucediam-se trocadilhos ofensivos - que já não eram novidade para nós, mas que tínhamos de «engolir», sem retorquir - o que não era nada fácil. Às tantas, um ex-GE, já entrado nos copos, picou-se de razões com um civil europeu. Houve «escaramuças» com alguma violência, ainda que rapidamente resolvidas e embora estendidas à rua.
A ordem geral era evitar conflitos. Era cada vez mais latente a influência dos movimentos emancipalistas na sociedade civil. Com alguns exageros e vinganças pelo meio.
Passeámos longamente pelas ruas da vila , noite adentro, memoriando os meses que nos traziam desde Junho e da nossa chegada ao Quitexe. Havia a consciência de que se «escrevia» um momento histórico para o mundo, África e Angola. E que nós éramos pequenos actores dessa memória que ainda hoje por aqui nos traz. Eram os nossos últimos dias do Quitexe!

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