quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Há 35 anos, em viagem de Águeda até Santa Margarida

Cabos Milicianos Neto e Viegas no RC4 de Santa Margarida (1974)

Faz hoje 34 anos, era domingo. Antecipámos a nossa ida para Santa Margarida, pois a segunda-feira era dia de começo dos exercícios finais da Escola de Recrutas do BCAV. 8423, que por lá se formava. Instrução já especial, tendo em conta o objectivo para que estávamos mobilizados: Angola.
Saímos depois de jantar e de o Neto se despedir (já a morrer de saudades...) da sua namorada Eunice (Ni), que se despedaçava de ver partir o seu «mais que tudo» - sabendo que se preparava para a guerra colonial.
Falámos de futebol e do empate (1-1) do Recreio de Águeda, nesse dia e em S. Roque. A equipa liderava o campeonato distrital da 1ª. divisão de futebol de Aveiro, com mais dois pontos (47) que o Arrifanense (45), e ouvi no Café Zip-Zip, na minha espera pelo Neto - que vinha dos braços da namorada... - que tinha sido roubada pelo árbitro. Viria a ser campeã distrital e a subir à 3ª. divisão nacional.
Falámos de tropa, de Condeixa a Santa Margarida. A tropa era a nossa vida daquele tempo em que se semeiam sonhos e que a nossa geração tinha marcado pelo estigma da guerra. Tínhamos muito boa impressão do aspirante Garcia e queríamos conquistar as graças de soldados, empatizar e criar afectos, pois éramos irmãos de um futuro próximo, de medos e de riscos. Por aí fomos, trocando e concertando ideias para a manhã de 2ª. feira. «Temos boa malta...», dizia o Neto, sempre muito mais optimista que eu.
O futuro viria a confirmá-lo.

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