Fevereiro de 1975 nasceu para os Cavaleiros do Norte com muitas dúvidas, sendo já certo que iríamos abandonar o Quitexe. A dúvida principal estava entre a saída ser para Luanda, ou para Carmona. O dispostivo militar tinha sido alterado nas semanas anteriores mas outras mudanças se preparavam.
A guarnição andava ansiosa e não tinha respostas. O alferes Garcia, comandante do PELREC, era, entre nós, quam mais saberia de tal... - mas se sabia, não dizia. Porventura por questões de segurança. «Vamos cumprir a nosa missão...», era o que ele nos dizia, muito convicto e sério, sempre que era por tal perguntado, quando saíamos para os patrulhamentos da estrada do café - praticamente o único serviço que fazíamos no exterior. Salvo alguma visita a alguma fazenda ou aldeia dos arredores da vila.
As mesmas perguntas nos faziam os companheiros de Aldeia Viçosa (2ª. CCAV.) e Vista Alegre (1ª. CCAV.) - irmãos na ansiedade dos tempos que corriam. De Portugal, voavam especulações e gritava-se por Lisboa: «Nem mais um soldado para as colónias!». Vasco Gonçalves era o 1º. Ministro - de 18 de Julho de 1974 a 19 de Setembro de 1975 - e, negociado o acordo do Alvor, entre os movimentos de libertação e os representantes do MFA local, a expectativa era a de um regresso rápido a nossas casas. Mas...
Muita gente se concentrava nas ruas de Lisboa e criticava a descolonização, aos berros: «Nem mais um soldado para Angola, nem mais um soldado para Moçambique, nem mais um soldado para o ultramar».
O correio que nos chegava de Portugal invariavelmente falava do regresso: a família e os amigos não nos dispensavam a pergunta. Numa breve incursão a Luanda, encontrei um militar amigo, dias antes chegado de Lisboa. O Monteiro voltara de férias e nada sabia dizer sobre o assunto. Patrulhávamos, escoltávamos, dormíamos e acordávamos, sempre com a mesma dúvida: voltar, quando?
Sem comentários:
Enviar um comentário