BATALHÃO DE CAVALARIA 8423. Os Cavaleiros do Norte!!! Um espaço para informalmente falar de pessoas e estórias de um tempo em que se fez história. Aqui contando, de forma avulsa, algumas histórias de grupo de militares que foi a Angola fazer Abril e semear solidariedade e companheirismo! A partir do Quitexe, por Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange e Songo! E outras terras do Uíge angolano, pátria de que todos ficámos apaixonados!
terça-feira, 23 de fevereiro de 2010
Quem são vocês? Quem somos nós, homens do PELREC do BCAV. 9423?
Ontem, há 36 anos, foi dia último dos exercícios finais da escola de recrutas dos atiradores de cavalaria do BCAV. 8423. O PELREC jornadeou pela Mata do Soares e aprontou-se para uns dias de férias. Uma semana. Eu e o Neto, cabos milicianos do pelotão, resolvemos fazer uma espécie de inquérito: quem são vocês, os soldados? Quem somos nós, o PELREC?
A ideia, parecendo peregrina, tinha um obectivo nuclear: conhecer as debilidades emocionais de homens que, aos 21 para 22 anos, iam abandonar as suas famílias, amigos e namoradas, alguns deles até as mulheres, e partiam para uma guerra a milhares de quilómetros. Como reagir à solidão e à saudade? Às virtuais tragédias, aos medos, à psicose dos combates, aos arrepios dos trilhos das matas?
Lembro-me bem da cara de espanto com que nos ouviram? Afinal, o que acontecia é que parecíamos estar a querer entrar na vida deles, nas suas intimidades, nos seus segredos. Algum deles perguntou o que tinham a fazer. Peçam às vossas mães, irmãos, namoradas, amigos, para que escrevam no papel o que nós podemos fazer para que vos possamos ajudar?
Poucos isso fizeram, é verdade. Mas ainda guardo a carta, cheia de erros gramaticais, de medos e de fé que me entregou um deles, escrita pela mãe. E como, mais tarde, no Quitexe, eu vim a perceber a solidão e o isolamento, a dor e amargura daquele filho, em alguns momentos que o faziam nostálgico e infeliz!
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