terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

A produção de café....

Mercado de café em Carmona, os anos 70 do Século XX

Por estes dias de Fevereiro de 1975, chegaram-me notícias da santa terrinha. esta Ois da Ribeira da margem direita da pateira: que um grupo de jovens se preparava para cultivar um campo de cenouras, nas Areias - sítio de cultivo junto ao rio Águeda. O que é que eu pensava disso?
Bom, eu não pensava nada.
O que me chegava era que o grupo, com acompanhamento técnico, se propusera semear um campo de cenouras, num sítio para mim de todo imprevisível. Mas se os técnicos diziam! Recordo a mensagem que me chegou e que agora reli: «Um grupo de jovens, integrados no plano revolucionário em que nos encontramos, resolveu abordar o proprietário do terreno, para que este consentisse no seu aproveitamento». Ele consentiu e então o nosso correspondente deixou a sua pitadinha de ironia: «Parece-nos que estes jovens vão iniciar uma campanha que consiste em produzir todas as terras que estão a pousio...». E adivinhei-lhe, a 800 etal quilómetros, um largo sorriso de ironia.
E o que tem a ver isto com o Quitexe?
Bom, é que se começava a falar, com muita e preocupante insistência, no mais que provável abandono das fazendas, por parte dos europeus brancos. O que, inevitavelmente, iria provocar menos riqueza. Sem produção não há lucros... Os bailundos contratados para a apanha do café, eram ameaçados e agredidos, fugiam para sul.
Os repetidos incidentes entre os militantes dos movimentos, algumas ameaças dos locais aos ditos colonizadores, perseguições pessoais mais ou menos evidentes, instabilidade social, o mar de incertezas que se espraiava entre a população branca, tudo isso gerava medos entre todos. Era a Angola de Fevereiro de 1975, a «beber» do entusiasmo do Acordo do Alvor. Com este lateral contra-senso: a produção descia, em Angola, e em Ois da Ribeira o processo revolucionário propunha-se fazer sementeira de cenouras. O tempo viria a dizer que foi sementeira e tempo perdidos.

1 comentário:

Anónimo disse...

Dedicaste à agricultura? Nao imaginava tal coisa...
Santos