quinta-feira, 29 de julho de 2010

Um «diferendo» com o alferes Garcia


O PELREC. Almeida, Albino, Messejana, Florêncio, António, Viegas, Francisco, Dionísio, Caixarias e Garcia (em cima), Vicente, Soares, Marcos, Leal, Moreira (?, transmissões), Hipólito, Cordeiro e Neto

A euforia da próxima viagem para Luanda, mesmo sabendo-se que por lá os cheiros eram mais de pólvora que dos habituais aromas africanos, foi quebrada por uma informação do alferes Garcia: o PELREC também iria na coluna terrestre. E não era para ir, destinado que estava a seguir com a CCS para Luanda, de avião. Tal qual a 1ª. Companhia!
Gerou-se farta e grossa discussão com ele, empertigado o Neto e bem irado eu! Não entendíamos como queria o alferes Garcia sacrificar o PELREC, sabendo-se, como já se sabia, que a coluna teria farto e diversificado apoio - de uma Companhia de Comandos e outra de Pára-quedistas. E da Força Aérea! E nós iríamos de avião.
A generosidade de Garcia, porém, não tinha limites - queria que o pelotão fosse na coluna. Mas sujeitar homens com 14 meses de sujeições e privações a mais esse sacrifício - que não era nevessário... - isso passava todas as nossas fronteiras do compreensão.
Marcámos passo, os três, com vigor e alguma raiva na voz e na alma, entre a parada e o refeitório, procurando esconder a nossa exaltação da curiosidade dos companheiros que por ali passavam o seu dia. «O pelotão deve ir!!!...», insistia o Garcia. Mas porquê a para quê?!
O Garcia não era homem de muitas palavras e às vezes não as escolhia muito. Falou-nos dos valores militares, da honra e da camaradagem, provocando-nos e procurando impor-nos a sua autoridade. Não a regateámos, é verdade, mas discutimos a opção que nos sugeria.
«Deveis ir...», disse-nos, já impaciente. E foi assertivo. Virou as costas mas não nos convenceu. «Olha lá, pá... isso é uma ordem, ou és tu que queres que a gente vá?!...», perguntou-lhe o Neto.
Era, afinal, Garcia que gostava que o PELREC fosse, mas vingou a ordem de operação: o PELREC foi de avião. Garcia, porém, ficou na história da coluna militar para Luanda - pondo-se como oficial às ordens do Comandante Almeida e Brito. E por lá fez história!

1 comentário:

Deus disse...

Nem parece de PELREC. Fazerem tanta questão em viajar de avião!
Deveriam ter sido mais solidários com o Batalhão!
Em minha opinião, faria todo o sentido mandar os "burocratas" de avião e os operacionais na coluna militar, porque para isso foram treinados!
"burocrata" (op. cripto)M.Deus