Cruzamento da Rua do Comércio com a Avenida de Portugal, em Carmona (anos 70)
Dia 15 de Julho de 1975, Carmona, Angola!!! A guarnição militar continua a viver momentos de muitas dúvidas. Os menos graduados - soldados, 1º.s cabos, furriéis... - pouco sabem, ou nada, do que se passa nos altos comandos. Mas a tensão leveda a cada momento que passa.
Os furriéis e alferes milicianos - eternos «passe vite» destas coisas da tropa... - são permanentemente bombardeados com perguntas: «Quando vamos embora?, o que é que se passa?, não podemos disparar»; e se eles nos atacam?».
Sabe-se já que a saída para Luanda depende apenas do COPLAD. E é isso que o comandante Almeida e Brito negoceia com a hierarquia. Soube eu anos mais tarde - da boca dele próprio e numa conversa no QG da Região Militar Centro, em Coimbra, de que que era 2º. comandante, com o comandante Pires Tavares, general, meu conterrâneo de Águeda - que, sob ameaças do Quartel General da Região Militar de Angola, qualquer decisão que tomasse seria vista à luz do RDM.
A 15 de Julho, faz hoje 35 anos, corre de novo ampliado boato no BC12: a FNLA exigia a entrega de armas - neste caso, as do arsenal do antigo aquartelamento da PIDE.
Não era boato!
Mas, muito hábil, Almeida e Brito «negociou» o interesse da guarnição e da comunidade civil. «Não se preocupem!!! Eu sei o que estamos a fazer», disse-nos o comandante, com o eu usual desafio: «Conto convosco!!!...».
E sempre contou.
Podia pensar-se disto que o poder militar tinha caído fora da cadeia hierárquica? Poder pensar, podia-se. Mas nunca foi verdade. Sempre fomos reivindicativos, pois fomos (e falo dos furriéis...), mas também sempre disciplinados, cumpridores e sacerdotes da ordem e defensores da vida.
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