terça-feira, 27 de julho de 2010

A segurança que se vivia e sentia no Quitexe...


O Posto 5, ponto de sentinela da vila do Quitexe, na estrada para Luanda.
Viegas e Miguel, em Cima), António Casal (em baixo)

ANTÓNIO CASAL
Texto

A pacatez e segurança vividas na vila do Quitexe eram uma realidade - como por aqui já várias vezes foi referido.
Circulava-se tranquilamente e os próprios civis bem sabiam que nada tinham a temer. A segurança era plena, como muitas vezes eles próprios diziam.
Mas ela não existia por mero acaso! Existia graças às acções militares e até muito agressivas, mas que não deixavam o IN pôr o pé em ramo verde! Durante o período em que estive no Quitexe, muitas foram as operações realizadas e que obrigavam os operacionais a um esforço alguma vezes questionado pelos comandantes de grupo!
«Assim, os homens não aguentam!»..., disse algumas vezes o alferes Freitasm ao então major de operações! Este "aperto" de operações durou cerca de três meses, findos os quais o comando considerou estar limpo o perímetro de segurança. Perímetro que não se limitava ao Quitexe mas também às fazendas da área.
Claro que o perímetro nunca esteve devidamente limpo! Era impossível! E afirmar o contrário seria, no mínimo, fantasiar! Aliás, o IN assistia a sessões de cinema no Quitexe e a prova, além de outras, consistia no facto de, quando capturados, estarem ainda em posse dos bilhetes! Não era por acaso que, embora esporadicamente, eram feitas rusgas com o apoio do GE´s. Em quem nunca confiámos, diga-se!!!
Ainda sobre as operações de grande envergadura na zona do Quitexe, recordo o mês de Novembro de 1972, talvez um dos meses mais "quentes" que vivemos. A última acção desenvolvida naquele mês, esteve a cargo de uma Companhia de Pára-Quedistas mas as coisas não decorreram da melhor forma, sofrendo uma baixa logo no 1º dia - um 1º. sargento.
Tudo isto a propósito da segurança que se vivia na vila, mas que não era obra do acaso mas, sim, fruto de muito trabalho e disciplina.
Mas sair sem escolta era um grande risco, que apenas um fazendeiro, que eu me recorde, assumia - o Bastos, cuja casa viria a ser residência do Comandante dos Cavaleiros. E que caro lhe ia ficando!!
O Posto 5 ainda chegou a ser atacado, de noite, estávamos há apenas dois meses na vila. Talvez para nos testar, pensámos nós. Ou preferimos pensar!...
ANTÓNIO CASAL
Batalhão de Caçadores 3879,
no Quitexe em 1972/73

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