terça-feira, 20 de julho de 2010

Vamos embora a 3 de Agosto...


Há grande azáfama no BC12, aos idos dias de 20 de Julho de 1975 - faz hoje 35 anos. É domingo e a guarnição - mais folgada com a instalação, na cidade, de todo o BCAV. 8423 - tranquiliza-se das emoções, temores e agitação dos dias anteriores. Fecham-se os caixotes e carregam-se as Berliets que hão-de rumar a Luanda, pelo Negage, Camabatela, Salazar e Dondo - pois está não «passável» a estrada do café, que levaria mais rapidamente a Luanda, pelas nossas antigas bandas do Quitexe, Aldeia Viçosa, Vista Alegre e Ponte do Dange, mais adiante pelo Quibaxe, Úcua, Caxito e Cacuaco, por onde se conflituavam MPLA e FNLA, em luta fraticida e a trocar metralha que muito sangue por lá fez. Não nos íamos meter na guerra.
Já é certa a data de saída da CCS: 3 de Agosto, um domingo -  dia de festa na pateira da minha Ois da Ribeira. Ele há coincidências!!... Já os incidentes de 1 de Junho tinham coincidido com a festa de Nossa Senhora de Fátima. A jantar no restaurante Escape, com o Neto, refiro-lhe estas coincidências - que ele dá ao desbarato. Mais lhe interessa o «irmos embora..., fartos disto!».
O Neto - cujo apelido (igual ao de Agostinho, líder do MPLA) alguns constrangimentos lhe criou, supondo-o os «fnla´s» como um inimigo - tinha interesses em Angola, na cidade de Viana, mas o desejo maior é voltar a Águeda, ao colo da família e aos braços da sua Ni!
«Mas olha lá, o que é que achas que vai ser disto?...», perguntei-lhe eu.
Não havia resposta. «Será o que for...», disse o Neto.
Conhecia-se a movimentação dos cidadãos brancos, nomeadamente em Luanda, no sentido de criar um partido político, mas entre avanços e recuos, confrontações, acusações, ameaças, dedos apontados e retaliações pouco cristãs, o mais que se poderia esperar era que a esperança de paz não morresse. Mas faleceu, como hoje se sabe.

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