Parada do BC12, em Carmona (anos 70 do século XX)
A 30 de Julho de 1975 começou, na prática, toda a movimentação de meios que iriam dar corpo à grande operação de retirada do BCAV. 8423, de Carmona para Luanda. Poupando pormenores, sempre diremos que o entusiasmo e a animação dos militares eram grandes, preparavam-se malas e afinavam-se missões.
A comunidade europeia, ao tempo já definitivamente convencida do que seria o futuro imediato, aproximava-se cada vez mais da tropa, procurando apoio e protecção. Que não era negada, mas que tinha implicações operacionais delicadas. E, valha a verdade, havia alguns constrangimentos a ultrapassar. Não era de modo barato que nós, nós todos!!!, que tantas vezes tínhamos sido ofendidos - quase humilhados!!!... - pela generalidade da comunidade europeia, nos víamos agora no continuado dever de apoiar.
Era esse, de resto, o desígnio assumido pelos Cavaleiros do Norte, sob o comando firme e competente do (então) tenente-coronel Almeida e Brito. Dissesse-se o que se dissesse, sentíssemos o que sentíssemos, a verdade é que tínhamos confiança ilimitada no comandante e nunca regatearíamos uma ordem dele.
Um comerciante da Rua do Comércio, meu conmhecido das minhas passagens pela loja, achou-se de coragem para me perguntar se íamos abandonar os civis. Era um dos que cuspia à passagem dos militares. Não me lembro do que respondi, mas não deve ter sido coisa boa.
Mas era conhecido o movimento de civis, junto dos comandos militares, para que pudessem integrar a coluna. A FNLA, senhora da guerra do Uíge, continuava a fazer das suas e a cidade engordava, com refugiados das fazendas de café da província.
A tropa vivia os seus dias mais calmos do mês de Julho de 1975. Que chegava ao fim!
1 comentário:
Eu não estive lá nesta altura, mas deve ter sido do caraças. Para um militar dar a mão a quem lhe cuspiu era preciso ter sentido de responsabilidade mas também bons fígados.
Nascimento
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