sábado, 24 de julho de 2010

O Quitexe a ferro e fogo... (1)

O Quitexe teve momentos de «ferro e fogo», no tempo da 3ª. CCAV. 8423. Em
cima, o 1º. cabo Deus na frente da Delegação da FNLA/UNITA, onde se vêem estragos de um ataque do MPLA



MANUEL DEUS
Texto

Quitexe foi uma pacata e tranquila vila, no período que antecedeu os confrontos entre os movimentos de libertação - MPLA a FNLA e a UNITA.
Efectivamente, nos primeiros meses de 1975, os confrontos que tiveram início em Luanda rapidamente alastraram a todo o território angolano e, obviamente, o Quitexe não foi excepção.
Então, começaram as desconfianças entre os três  movimentos e, rapidamente começaram a medir forças. O facto da FNLA ser considerado o movimento mais forte localmente, não evitou que temporariamente fosse obrigado a deixar o Quitexe, dando-se início a uma fase de «agora mandas tu, agora mando eu».
Apesar de terem passado muitos anos, recordo que,  durante algumas semanas, a 3ª. CCAV. passou por momentos muito difíceis, tentando manter a ordem de forma pacífica e neutral.
O nosso comandante, capitão Fernandes, fazendo valer as suas características diplomáticas, todos os dias chamava ao comando os vários comissários políticos, conseguindo que todos prometessem acabar com os conflitos armados, nesse mesmo instante. Apesar disso, todos os dias e ao romper da aurora, as «kalache» eram o nosso despertador.
Recordo uma noite, em que todos fomos atiradores. Independentemente da especialidade de cada um, fomos distribuídos em todo o perímetro do aquartelamento, não faltando as cafeteiras de café toda a noite, para espantar o sono. A noite estava escura, o que permitia ver melhor as balas tracejantes que sobrevoavam as nossas cabeças. Todavia, a ordem era para não actuar. Só se fossemos atacados directamente.
Durante o tempo que estive em Angola, só por duas ocasiões peguei numa G3. Foi neste período escaldante do Quitexe e na retirada de Carmona para Luanda, por sinal também muito explosiva.
MANUEL DEUS
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