quarta-feira, 12 de maio de 2010

Soldado que vais para Angola...

Província do Uíge, ao norte de Angola. Por onde, no Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa,
Santa Isabel, Songo, Luísa Maria, Vista Alegre, Ponte do Dange, Carmona e
outras localidades, os Cavaleiros do Norte cumpriram a sua missão, entre 1974 e 1975


«Soldado, vais para Angola, onde irás encontrar populações negras e mestiças, que são portuguesas como tu. Têm usos diferentes, religião que pode ser ou não a tua; falam, ou não, a tua língua e têm os seus dialectos próprios. Embora com estas possíveis diferenças, mantém-se unidos a Portugal e como portugueses querem viver.
Vais ajudá-los nos seus problemas, como tal respeita-os, e aos seus costumes. Lembra-te que são seres como tu, a sua família é como a tua. Então, poderás contar que estás a cumprir uma parte muito importamte da tua missão de combatente. De contrário, serás uma mau militar e estás a atraiçoar os ideais que a Pátria te impõe e que juraste solenemente defender e fazer cumprir».


O que deixo atrás transcrito é parte da documentação - de acção psicológica - distribuída aos militares do BCAV. 8423, no período de penúltima preparação operacional para Angola - antes dos dez dias de férias, a chamada licença de norma. Não consigo recordar o efeito psicológico que a mensagem então terá tido nos nossos espíritos. Provavelmente, não teremos dado grande importância.
A fatalidade que era a nossa ida à guerra, estigma com que crescemos desde a nossa infância (pela adolescência e juventude adentro), ter-nos-á aligeirado a preocupação. Mas não deixa de ser interessante, 36 anos depois, avaliar o que nos foi proposto e o que, já em Angola, foi cumprido. Não tenho dúvidas que os Cavaleiros do Norte estiveram à altura, honrando a farda, assumindo as suas responsabilidades e sendo portugueses maiores - num período que gerou uma nação nova. Angola!

Sem comentários: