quarta-feira, 26 de maio de 2010

A véspera da anunciada partida para Angola...

 
Entrada do Campo Militar de Santa Margarida, onde se situava o RC4

A 26 de Maio de 1974, era domingo! Foi um dia muito sossegado para mim, por aqui vivido na tranquilidade da aldeia onde ainda hoje vivo! Pelo adro da igreja, distraídamente,fui-me despedindo dos amigos que por lá me desejavam sorte na jornada de África.
A mala estava feita, com fardas e a pouca roupa civil que levei para Angola. E alguns artigos de higiene pessoal. No saco da TAP, vermelho e que ainda ali tenho no sotão,levava coisas mais aligeiradas.
Minha mãe caprichou no caldo do almoço e comemos rojões na velha cozinha de nossa casa. E acertámos que, de maneira nenhuma, faria ela promessa de ir a Fátima a pé, como era vulgar ao tempo - pelas graças de regressar são e salvo. Não por questões de fé (que tenho), mas por outras!
Pela tarde, dei uma volta apeada pela aldeia. Pelos locais da minha meninice, saudando este e aquele com quem me cruzava. Atirei falhas nas águas da pateira e, uma a uma, passei pelos cabeceiros das nossas poucas propriedades.
Pouco comi à noite, do escoado tradicional - despedindo-me de minha irmã Dulce e cunhado Zé, com a minha sobrinha e afilhada Susana ao colo - hoje também minha comadre e professora.
«Queres que te acorde?!...», perguntou-me minha mãe, na hora da deita. Que não, eu me levantaria. Ainda dei um salto ao café da Celeste, aqui ao lado, e embrulhei-me em lençóis, enquanto ouvia as badaladas da meia noite. Ia acordar às 5 horas da manhã e buscar-me vinha o pai do Neto. Os dois, íamos para Santa Margarida (foto) e daí para Lisboa. Para Angola! A viagem estava marcada para 27 de Maio, mas foi adiada dois dias!

Sem comentários: