Monteiro, Neto e Viegas no RC4 de Santa Margarida, em Abril/Maio de 1974
A 24 de Maio de 1974, uma 6ª-feira e vésperas de partir para Angola, juntaram-se alguns jovens amigos da minha terra no salão da Celeste, para as minhas despedidas «oficiais», regadas a cerveja e vinho tinto, com frango de churrasco - «petisco» que, vejam lá..., não era coisa muito vulgar por aqueles tempos. O churrasco era mesmo um luxo...
Todos com a mágoa e dor de me ver partir e com a não-explicação da minha «birra» de não aceitar proteção de cima: gente houve que se dispunha a «ajudar» a que eu não fosse mobilizado. O que teimosamente rejeitei, com a concordância absoluta de minha mãe, então recentemente viúva e agora com 89 anos!
O tema da conversa foi o 25 de Abril de quase um mês antes e a esperança de que ia a Angola e vinha já - perspectiva na qual pessoalmente não acreditava. E se confirmou. Os únicos conterrâneos ao tempo «lá fora» eram apenas três, na Guiné. Além de meu primo de meu nome, fuzileiro de carreira e em Moçambique.
A panqueca foi gravada em cassete e bem me deliciei eu depois a ouvi-la, nos tempos mais nostálgicos do Quitexe.
O registo (que lamentavelmente já não consigo ouvir, por deterioração da fita) anotava mitificações da minha carreira (!) militar, os endeusamentos da instrução de Lamego,algumas cantorias populares e efe-erre-ás, falava das miúdas amigas que por cá ficavam e das... pretas. As pretas e as mulatas de Angola, que antevíamos cheias de cio e dispostas a matar-nos desejos. Aquilo é que ia ser!!! Lá contei eu as minhas aventuras «guerreiras» e falei abundantemente dos meus companheiros de pelotão: o alferes Garcia, que eu adivinhava combatente destemido e comandante generoso; o Neto e o Monteiro, com quem aparelhava a furriel; os cabos e os soldados que connosco iriam jornadear em Angola. Estava cheio de moral. Sem medos!
Voltei a ver aquela malta em Setembro de 1975! E com estas histórias para contar e vem «enchendo» o blogue. Estas e outras!
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