sexta-feira, 28 de maio de 2010

Dias de Maio de 1975, agitados na cidade e no Uíge


Rua do Comércio, em 2009, foto de Alexandre Correia. Foi palco, em 1975, de muitos incidentes

Os últimos dias de Maio de 1975, em Carmona, foram muito agitados e de duvidosa contra-informação. Os boatos semeavam-se e colhiam-se com inverosível velocidade e era latente a diferença entre os que, do MPLA e da FNLA, discutiam direitos e posições de que eram árbitro as Forças Armadas Portuguesas.
Casos houve em que a tropa portuguesa - a única autoridade militar constituída e válida - era questionada pelos dirigentes dos movimentos. E pela população civil europeia. Sentiram-se momentos dramáticos e de impertinências injustificadas e injustificáveis.
A tropa, acusada de partidária - ora vejam lá... - teve algumas vezes de usar a força para impor ordem e segurança na cidade - nomeadamente quando se sentia desautorizada e alvo de atropelos. Ou quando civis eram  molestados pelos militantes partidários, muito violentos e nalguns casos sanguinários. Porém - valeu-nos isso, sempre!!! -, a coesão das Forças Armadas Portuguesas galgou todas essas dificuldades - mesmo quando nos eram atribuídas culpas que não tínhamos.
Sucediam-se os patrulhamementos, na cidade e nos itinerários principai da província do Uíge - para que se prevenissem atropelos e banditismos. Sem um esmorecimento, sempre disciplinada e corajosamente. Embora com imensos sacrifícios da guarnição - que era pequena. Mas não houve, que eu saiba, um momento de desânimo, uma desistência, um instante em que alguém, da sociedade civil, ficasse privado da sua liberdade. Mas adivinhava-se que andava transmontana no ar.
Duas notas:
1- Faz hoje 36 anos,era véspera da nossa partida para Angola, adiada do dia 27 de Maio.
2 - Amanhã, em Ferreira do Zêzere, é dia de reencontro dos Cavaleiros do Norte. Exactamente 36 anos depois da nossa viagem aérea para Luanda. Como o tempo passa!

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