O período de IAO, na Mata do Soares e redondezas, entre os municípios de Constância e Abrantes, foi tempo de farta mentalização psicológica - para além das naturais instruções de carácter técnico e físico.
Cavaram-se trincheiras, montaram-se acampamentos, socorreram-se «feridos», fizeram-se evacuações, assaltos e golpes de mão, patrulhas, operações e «roubos de fruta», desenfianços (como quem quer desafiar os riscos...), exercitou-se o corpo, fomentaram-se a disciplina, o aprumo e a ordem, cultivaram-se virtudes militares e, vejam lá, até se aprendeu a cozinhar e a coser (roupa). Foram dias de muita intensidade - quiçá, até, de alguma ansiedade, pois era a nossa última preparação para a guerra que nos esperava a partir de 27 de Maio.
O comando, repetidamente, fez distribuir documentação variada, incutindo mentalização adequada aos tempos que nos esperavam. Alguns slogans: «O soldado português é dos melhores do mundo», «O Exército Português é o espelho da Nação», «Suor da instrução é sangue que não corre», «Querer e saber querer», «Honrai a Pátria, que a Pátria vos contempla», «Cultiva as virtudes que te solicitarem, para te impores como verdadeiro soldado».
O lema do BCAV. 8423 vulgarizou-se no dia-a-dia: «Perguntai ao inimigo quem somos».
Pessoalmente, nunca gostei muito dele, por o achar simultaneamente vulgar e presunçoso. Mas quem era eu..., quem ainda hoje assim pensa?!
A 10 de Maio de 1974, uma 6ª. feira, terminou o IAO e o pessoal foi de semana, pouco passava do almoço. Agradável surpresa, seguida de rápida viagem no SIMCA 1100 do Neto, até aos sítios de Águeda, para os «adeus que vou pr´Angola» que se aproximavam.
1 comentário:
Fui soldado atirador na 1ª companhia do Batalhão 8423 e gostaria de entrar em contacto com ex-camaradas desse batalhão. O meu nome é José Borges Martins e o meu email é zeborges52@hotmail.com
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