A 11 de Maio de 1974, chegou a Águeda Manue Alegre - que agora é de novo candidato a Presidente da República. Vinha do exílio de dez anos, que o levou a Argel. Era um sábado e eu fui ver a grande euforia que se viveu, com a vila engalanada com bandeiras e colchas, andando Alegre aos ombros de antigos companheiros de escola e amigos.
O que se falou de política naquele dia, depois da ida de Manuel Alegre para os Paços do Concelho. Conversa animada, prolixa, quase incendiária..., centrada nos militares e no governo de Palma Carlos - que incluía Álvaro Cunhal, Pereira de Moura e Sá Carneiro (ministros sem pasta) e Mário Soares (negócios estrangeiros). E em António de Spínola, Presidente da República. E nos soldados que se batiam no ultramar e nos que para lá iriam. Como eu!
Uma das sugestões mais apontadas era a de que não devia ir mais tropa e virem de lá, rapidamente, todos os que lá estavam. Não iria ser assim. A «graça» da chegada de Alegre tinha a ver com o facto de ele próprio ter estado em Angola, como alferes miliciano. A mesma Angola para onde eu ia. O embarque estava marcado para o dia 27 de Maio, daí a duas semanas.
A certa altura, reconhecendo-me alguns amigos no meio da multidão (foto) e sabendo que eu era militar, quiseram fazer de mim outro «herói» do momento, levantando-me ao ar. Confesso que não gostei da brincadeira mas acabámos a beber champarrion no Café Jardim - depois de ouvirmos Manuel Alegre a discursar na varanda dos Paços do Concelho.
Sem comentários:
Enviar um comentário