Praça de Touros de Luanda, em foto aérea de 2004 (tirada da net)
Os Cavaleiros do Norte eram especialmente recomendados no sentido de se movimentarem em grupos e sempre indicando (na unidade) para que zona da cidade se deslocariam. Lá seriam procurados, em caso de desaparecimento. O que felizmente nunca aconteceu.
Por estes dias, recebi um apelo de minha mãe: «Ninguém sabe da Cecília e da família. Vê lá se os descobres...». A Cecília morava em Nova Lisboa, a mais de 500 quilómetros, e minha mãe, seguramente, não tinha noção das distâncias. Tentei contactar Cecília pelo telefone do Hotel Bimbe (que era dela e do marido), mas nunca ninguém atendeu. Supus o pior e ocorreu-me a minha conversa com eles, em Abril (ver AQUI).
Procurei-os horas e dias seguidos, no aeroporto de Luanda - onde se juntava milhares e milhares de pessoas - os retornados... - na esperança de os localizar. Até anúncio de rádio fiz! Nunca tal consegui... e só vim a encontrá-los já na nossa terra natal, em Setembro de 1975.
Luanda fervilhava de boatos e falava-se em massacres permanentes, na praça de toiros. E não era rara a vez que os «stops» nos incomodavam entre a cidade e o Grafanil e este e Viana - onde eu, o Neto e o Monteiro estávamos domiciliados. Era sempre o Neto, mais afoito que eu, quem «enfrentava» a «turba» - às vezes com excessiva e perigosa generosidade.
Rajadas (principalmente de noite), rebentamento de granadas, morteiros e outro material militar tornaram-se parceiros do dia-a-dia. A pouco tempo antes segura e pacífica Luanda tornou-se uma espécie de lotaria de guerra. Insegura, crescentemente violenta e grávida de medos! A cada segundo, tudo poderia acontecer.
- RÁDIO. A Emissora Oficial de Angola tinha, ao tempo, um programa diário (e repetido), no qual se procuravam pessoas de quem se tinha perdido o contacto.
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