quinta-feira, 5 de agosto de 2010

A saída, o controlo da FNLA e os Fiat´s da Força Aérea



Os incidentes provocados pela FNLA, com os civis fugidos para o Negage, levou a um atraso de 8 horas na marcha da coluna - que passou no controlo da FNLA do Candombe com 210 viaturas e em cerca de meia hora de escoamento.
O problema era fácil de entender: opunha-se a FNLA à passagem da coluna, poque ia para uma área do MPLA; não queria deixar o MPLA, porque a tropa vinha de uma área da FNLA. «Houve que preparar o movimento com os cuidados que tal requeria, dado saber-se a oposição que a FNLA dizia ir fazer e dado saber-se também ir atravessar-se uma zona de conflito armado entre MPLA e FNLA, para depois prosseguir numa área de interesse do MPLA, dominado por este e pelo seu poder popular», refere o Livro da Unidade. 
Entrou na lenda desta movimentação o histórico «impedimento» provocado pela FNLA - entre Carmona e Negage, a 4 de Julho de 1975. Já farto da impertinência dos «fnla´s», o comandante Almeida e Brito terá ponderado o uso da força. E terão sido dadas instruções preparatórias nesse sentido, imediatamente antes de mais uma "ronda negocial". Imagine-se o constrangimento destes momentos, a dor que varre a alma dos que se vêem, de um momento para o outro, na iminência de um combate quase corpo a corpo. E que consequências teria!!!...
A situação foi resolvida com uma daquelas milagrosas sortes, que parecem anedota: pegou o alferes Garcia num AVP-1 (rádio conhecido por banana), de capacidade de comunicação terra/terra, nunca terra/ar, nunca com aviões e muito menos com os Fiat´s. Pois o alferes Garcia simulou um contactou com os pilotos dos aviões de caça, e soltou a ameaça imediata: «Ou param com isto, ou são esmagados pelos Fiat´s!!!...». Acreditaram os «fnla´s» e prosseguiu a coluna. Assim se poupando sabe-se lá quantas vidas.

1 comentário:

Tomás disse...

Vamos lá ver como estão essas memórias. Quem se lembra do ambiente que se vivia em Luanda quando os primeiros homens do BCAV 8423 chegaram á capital? Sim estou a falar da CCS e da 1ª companhia. Os nossos colegas de farda andavam nas ruas de Luanda armados que mais pareciam "Rambos". Granadas à cintura mais faca de mato e alguns, vi eu, com "Walther", emprestada penso eu. Tudo isto porque no dia 26 ou 27(!) de Julho tinha havido um crime na estrada do Grafanil. Um alferes miliciano foi abatido a tiro pelos homens do MPLA. Depois de um comunicado na rádio, lançado pelo Alto Comissário, exigindo a entrega dos, ou do, responsável por tão ediondo acto tal não veio a acontecer. Resultado; foi numa manhã de Domingo, alguns dias antes de nós chegarmos a Luanda, que a tropa portuguesa arrasou o aquartelamento de Vila Alice junto ao cinema Império. A honra estava salvaguardada, desta forma mostrou-se que as FA ainda mandavam no território.(Quem se lembra deste acontecimento.)