sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Disparos e voos rasantes dos FIAT´s da Força Aérea

Helicanhão (em cima) e Fiat da Força Aérea Portuguesa apoiaram o movimento da coluna do BCAV. 8423, de Carmona para Luanda - de 4 a 6 de Agosto de 1975 (fotos da net)


MANUEL DEUS
Texto

Passado o episódio dos heli-canhões (ver ontem), recomeçámos a nossa viagem, agora com os ouvidos mais apurados, não fosse o diabo tecê-las.
Entretanto, a coluna não parava de aumentar. Por cada povoação que passávamos, por mais pequena que fosse, havia sempre quem se juntasse a nós. Fazia pena ver as famílias a separarem-se. Ficavam os homens e partiam as mulheres e crianças.
A viagem decorreu sem problemas, até que chegámos ao limite, digamos assim, do domínio da FNLA. Aí, eles jogaram a última cartada. Como é sabido por relatos anteriores, os FNLA queriam que lhes entregássemos os carros, armas, enfim tudo. Como isso não aconteceu, nem podia acontecer de forma alguma, tinham a última chance de nos experimentar.
Desta vez, foram os FIAT da Força Aérea, com os seus disparos e voos rasantes, bastante sonoros e eficazes, que puseram cobro à situação.
Foram duas situações com muito stresse, a juntar à outra do Quitexe,descrita noutro relato, que marcaram.
Como a viagem durou dois dias, tivemos uma noitada de completa vigia, em que cada um se tentou proteger o melhor possível do muito cacimbo, frio e ansiedade...
Recordo-me de me ter deitado debaixo do unimogue, sobre o alcatrão.
Manuel Deus
1º. cabo op. cripto da 3ª. CCAV. 8423

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