quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Os detidos no quartel da DGS de Carmona

Fatima e José Bernardino Resende (com as filhas), o irmão Albano
Resende (sobrinha à frente), furriel Viegas e capitão Domingues, em Luanda

Os últimos dias de Luanda, e de Angola, foram vividos com bastante tensão. E intensidade. Não é excessivo recordar que a insegurança medrava na cidade, sentia-se, e todos os dias tínhamos notícia de macas. Algumas das quais quase nas nossas barbas. Por mim, feitos os serviços de ordem, passeava-me por Luanda e encontrando-me com amigos: o Alberto (que acabava a sua comissão no Força Aérea), o Nuno (furriel dos Comandos), os irmãos Resende, a Cândida e marido, o Mário e a Benedita, o Neca Taipeiro, o José Martinho. A um dia de finais de Agosto, reencontrei o capitão Domingues, primo de Fátima Resende, e recordámos uma história pouco agradável de Carmona - onde ele prestara serviço na ZMN.
Era domingo, eu estava de PM, e jantava na messe quando fui chamado pelo oficial de dia: tínhamos de ir ao antigo aquartelamento da DGS/Flechas, buscar três civis presos pela FNLA - pelas que seriam as Forças Integradas, sem MPLA. Um deles, amigo do capitão Domingues. Poupando palavras, lá fomos nós (eu, o Almeida e o Marcos), no jipe conduzido pelo Breda - que ficou à entrada do aquartelamento, com o motor em funcionamento.
O oficial de dia não estava (!!!!), o sargento de dia estava, mas semi-embriagado. E quanto a soltar os presos, está quieto!!! Nem sequer nós éramos portadores de qualquer mandato de soltura. Esgotei os meus argumentos e, já dentro do aquartelamento, convenci o sargento a deixar-nos ver os civis detidos. Que não, que não... Mas fomos! O sargento abriu a porta da cela e os três homens (ou eram quatro?) ficaram estupefactos. Mas sem uma palavra, suando frio.
«Vá lá, saiam!...». Mas eles não saíam, com medo de serem abatidos. Suponho! O sargento cambaleava e, moita-carrasco, nada de soltar os homens. O Marcos, então, puxou um dos detidos pelo braço e incentivou-o a sair. O sargento não reagiu e lá saímos todos.
O Breda mantinha o jipe trabalhar, atabalhoámo-nos todos por cima da viatura e ala que se faz tarde.
O capitão Domingues, nesse almoço de Agosto em casa dos irmãos Resende, lembrou-me o nome do amigo, mas não sabia o dos outros. E eu, 35 anos depois, não me lembro sequer da cara deles. Lembrando, porém, o espanto com que nos viram entrar na cela e os livrámos das garras da prisão!

1 comentário:

Anónimo disse...

Ó Celestino Viegas!

Às 3 da matina a colar postes? Por pouco esperava pelas 4 da madrugada e cantava como o alentejano.
Porquê? Eu sei... são férias e dá para isto!
Continuo a espreitar...
Um abraço,

JM Ferreira