quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Ataque da FNLA à coluna para Luanda

Militares da 3ª. CCAV. 8423 com alguns civis da coluna militar


MANUEL DEUS
Texto

As colunas militares que transportavam os caixotes com os haveres das tropas foram impedidas de avançar para Luanda. Já aqui se falou disso. E creio que esse transporte só foi conseguido à terceira tentativa.
Assim, e depois dos acontecimentos de Luanda (era dito pela FNLA que Rosa Coutinho tinha entregue armas, munições, carros, etc. ao MPLA) e das ameaças às tropas portuguesas feitas pelo FNLA, em Carmona, argumentando com os acontecimentos de Luanda, ninguém, mas mesmo ninguém, esperava qualquer tipo de facilidade na saída da coluna final.
A 3ª. Companhia do BCAV. 8423 já tinha experiência de «entregar as chaves», primeiro as da fazenda de Santa Isabel (pacífica...), depois as de Quitexe (em ambiente escaldante!!!) e tinha agora, com a 2ª. Companhia, uma Companhia de Comandos e outra de Pára-quedistas (muito "cacimbados", dizia-se, de comissões de serviço em Moçambique e na Guiné), tinha agora uma missão muito mais delicada. Não se tratava de entregar só as chaves, mas fazer todo um percurso de retirada.
Confesso que depois da tantos anos, só me lembro (se calhar felizmente) de passagens que marcam qualquer um para toda a vida. Por isso, desde já lanço o desafio a quem melhor se lembrar dos acontecimentos (estou seguro que haverá quem...), venha ao blogue dizer de sua justiça.
Feitos os preparos logísticos, as quatro companhias partiram no 4 de Agosto de 1975, bem cedo, de Carmona. Havia que avançar o mais possível.
À medida que o conta-quilómetros avançava, a coluna ia-se estendendo, com viaturas civis intercaladas com as militares.
Seguia à frente a Companhia de Comandos, depois as duas companhias do BCAV. 8423, civis e, a fechar, os Páras.
Com muitos quilómetros já feitos, passávamos num vale e tivemos "festa"! Colocados em pontos mais altos, os guerrilheiros da FNLA fizeram-se anunciar através das suas «kalaches». Imediatamente, a coluna abrandou, de forma a podermos ficar mais juntos e menos expostos. As nossas tropas responderam, mas foram dois héli-canhões que nos deram uma grande ajuda, espantando a «caça». Pelos vistos, eles nunca gostaram muito de «objectos voadores!»
Não acaba aqui...
MANUEL DEUS
1º. cabo da 3ª. CCAV. 8423
(continua)

1 comentário:

Anónimo disse...

A avaliar pelo que tenho lido ultimamente, a coluna não teve vida fácil no seu percurso para a capital. Em 1973 quem diria que as coisas iriam tomar esse rumo. E que se terá passado com os civis do quitexe? Mas valha que ainda houve disposição para tirar umas fotos com os civis. A vida tinha de continuar.
Nascimento