Entrada/saída de Carmona para o Negage.Por aqui passou a coluna militar para Luanda, a 4 de Agosto de 1975, para uma viagem de de dois dias e meio e duas noites e que chegou a ter 700 viaturas
Amanheceu Carmona, a 4 de Agosto de 1975, com a última alvorada da guarnição do BCAV. 8423, para a épica coluna militar para Luanda. Nada e ninguém impediria o seu avanço - fortemente apoiada pela Companhia de Comandos, a que se juntou a de Páraquedistas, com a guarnição do Negage. E os helicanhões que a sobrevoavam. E os Fiat´s da Força Aérea, chamados de «já passou» pelos naturais.
A população civil, e cito o Livro da Unidade, «conhecedora do movimento das NT, insegura no seu dia a dia, descrente do seu futuro e receosa de quaisquer represálias, resolveu-se pelo êxodo e começou a sentir-se que iriam a companhar a nossa coluna centenas de viaturas, com o o consequente elevado número de pessoas».
Tal, não era propriamente uma novidade: as últimas semanas tinham sido, da parte da comunidade civil - e nem só a branca e europeia... - de permanente «namoro» à tropa, para tentarem salvar os seus bens e vidas.
A partida estava marcada para as 5 horas da madrugada, mas às duas já toda a máquina militar estava em movimento, pronta a arrancar no horário previsto. E assim foi.Toda ela se moveu, sob comando directo do Tenente Coronel Almeida e Brito, o comandante do BCAV.8423 - que não era homem de virar a cara à luta e ali estava, de peito aberto, para o que desse e viesse.
E vieram logo os primeiros problemas, com um alargado grupo de civis que se queria juntar à coluna e de tal era impedido pela FNLA. Sabe-se lá porquê e para quê? Foram bloqueados na cidade e impedidos de se juntar à coluna militar - valendo a intervenção das NT. «Às 5,15 horas, resolveu-se o primeiro incidente», anota o Livro da Unidade. Que antecedeu um segundo, já mais grave, no Negage, para onde muitos civis acabaram por fugir.
De Carmona, na ruas e das janelas das casas, via-se muita gente, num adeus carregado de dúvidas. Muita gente ficou e um deles foi o padre Albino Capela - que «fugira» da Paróquia do Quitexe, quando por lá as coisas se precipitaram, e, em Carmona, não quis integrar a coluna militar. «Tenho de ficar com a minha gente...», disse ele ao comandante Almeida e Brito, que insistia no seu (dele) abandono da cidade, integrando-se na coluna militar para Luanda.
«Vi-vos partir!! Fui ver-vos partir...», contou Albino capela, no encontro de Águeda, em Setembro de 2009. Contou e emocionou-se, interrompendo a narrativa como que para ganhar fôlego e apanhar as palavras que lhe faziam um nó na garganta.
Uma semana depois, em Agosto de 1975, teve de fugir para Luanda, na boleia num avião, para sair do inferno em que se trasformara Carmona.
Uma semana depois, em Agosto de 1975, teve de fugir para Luanda, na boleia num avião, para sair do inferno em que se trasformara Carmona.
A coluna avançou para o Negage!
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