terça-feira, 31 de agosto de 2010

A ida ao Niassa e os bilhetes de avião para os retornados

Bicas na baixa de Luanda, para comprar bilhetes de avião para Lisboa (net). Navio «Niassa», em baixo.


O medo de circular em Luanda medrava a cada dia que passava, disso se ressentindo principalmente a população civil. Que fugia para Lisboa, quanto podia.
O aeroporto estava pejado de pessoas, aos milhares..., e, pela cidade fora, não era raro tropeçarmos em enormes bichas de civis, à porta de agências de viagem, em busca de bilhetes de avião.
A vida na guarnição dos Cavaleiros do Norte, nas antigas instalações do Batalhão de Intendência (ao Grafanil), seguia minimamente tranquila, enquanto se riscavam os dias do calendário, até ... 8 de Setembro.
A 31 de Julho, um domingo, eu e o Neto - encarregados pelo capitão Oliveira (comandante da CCS) de fazermos a distribuição do pessoal nos beliches do «Niassa», fomos ao porto de Luanda. Para conhecimento do navio e reunião com os seus responsáveis. Não chegámos a entrar, por não estar quem tinha competência para dar luz verde à nossa missão - que ficou adiada para dia 2 de Setembro, a 3ª. feira seguinte.
Era o final da manhã e aproveitámos para flautear a vida na cosmopolita baixa de Luanda, almoçando na esplanada do Amazonas e indo comer gelados do Pólo Norte. Que luxo!...Como tinha combinado jantar com o Albano Resende, por ali andámos a cirandar - pelo 8, o 23 e o 24!!!, o Diamante Negro, a Mutamba, o Paris Versailes, a Portugália... Até que, chegado o Albano, fomos a um bar da meia alta da cidade, onde trabalhava o Neca - outro ribeirense vizinho e que eu já uma vez «achara» no Úcua, numa das minhas viagens pela estrada do café.
Já no regresso a Viana, aconteceu novo incidente no Largo Serpa Pinto, em frente ao Katekero: homens armados quiseram assaltar-nos e ameaçaram-nos. A noite «estrelava-se» de rajadas regulares e não era invulgar ouvir o estrondo de material de guerra pesado. Lá longe!!! Passámos, mas não sem mais uma vez o Neto ter de acelerar o pequeno Honda da FRAL!
«Filhos da p...!!!», gritou ele, com o pé a fundo, subindo Luanda, para a Estrada de Catete e já pelo Grafanil fora, até a Viana, onde morávamos.

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