segunda-feira, 9 de agosto de 2010

A chegada ao Grafanil, com reportagem da BBC...

Dondo (em baixo) a Luanda, 174 quilómetros da última etapa da coluna do BCAV. 8423, de Carmona até ao Grafanil - assinalado no ponto pequeno, a vermelho. A chegada teve cobertura da BBC


Dondo, a 174 qulómetros de Luanda, foi a segunda e última noite de descanso e vigilância da coluna dos Cavaleiros do Norte. Noite de alvoroço e expectactiva. Para trás, ficavam já dois dias e duas noites de vários perigos, de viaturas abandonadas, barreiras armadas e agressivas, ameaças e dramas - principalmente vividos pela comunidade civil.
«Havia barreiras na estrada, com homens armados a impedir a passagem dos carros e alegando que quem fosse nascido em Angola não passava...», recorda-se Eugénia Duarte, ao tempo com dez anos e nossa contemporânea no Quitexe. Uma das civis que integrou a coluna.
A coluna arrancou do Dondo às 7 horas da manhã. Às 10, foi sobrevoada por dois aviões Fiat e um helicóptero, este com uma equipa de reportagem da BBC. Às 11, passou por Catete e o Grafanil recebeu-a a partir do meio dia, com um tempo de escoamento de 45 minutos. Terminava, assim, o movimento do Batalhão de Cavalaria 8423 de Carmona para Luanda, após 570 quilómetros e 58,45 horas, trazendo entre 700 a 800 viaturas. Sem uma morte!!! Sem um ferido!!!
Terminava também a odisseia de milhares de civis que, à chegada a Luanda, choravam por se sentirem salvos.
A missão, considerou na altura o comandante Almeida e Brito, «terá sido a mais difícil do batalhão, mas também a que bem demonstrou o seu «querer e saber querer», conduzindo uma operação que, forçosamente, terá de ser um pilar bem marcante da sua história».
Recordo-me da chegada ao Grafanil, ainda na estrada Catete, depois de Viana. Muitos de nós, armados quanto podíamos, fomos esperar a coluna. Foram momentos particularmente emocionantes, entre a alegria do reencontro com os nossos companheiros e o olhar dos dramas vivos dos civis - que choravam e riam, se abraçavam uns aos outros e aos militares e reencontravam com amigos e familiares de Luanda. Sentiam-se a salvo, depois das tragédias que cada qual viveu na província do Uíge e no decorrer da coluna.

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