Albano Resende e C. Viegas na Ilha de Luanda (na restinga, em cima),
o cemitério de Catete e o Hipermercado Jumbo
O que eu queria era chegar a casa de... surpresa!
Para tal, precisava de «iludir» os dez dias de viagem marítima e de maneira a que a família e amigos não dessem por falta de correio meu, correio desse período. Para o efeito, escreveria várias cartas, dirigidas a minha mãe e pessoas mais próximas. O Albano se encarregaria de, nos dias combinados, as colocar no correio. Enquanto eu viajasse no Niassa, ninguém desconfiaria que eu já galgava os mares, para chegar a Lisboa a Águeda, a Ois da Ribeira (a minha terra).
Dei-lhe logo algumas e outras lhe entregaria nos dias 2 ou 3, lhas daria. E assim seria - até que soubemos que a viagem, afinal iria ser de avião. E no que deu isto? Em que gente houve a receber correio meu, de Angola, e eu já em casa.
Nesse dia, passei pelo cemitério de Catete - onde está sepultado José Tavares (pai do hoje meu compadre José, oficial militar francês). À saída, junto ao Jumbo - enorme hipermercado que, ao tempo, era grande atracção comercial em Luanda - e sou «espiado»por um grupo de pioneiros do chamado poder popular. Que me seguem até ao Jumbo. Estou à civil, o que complica a situação, mas ganho confiança no passo seguro, até chegar à viatura militar que me esperava. Lá passou o «perigo». A pouco mais de uma semana da viagem para Lisboa, o pior que me poderia acontecer era ter um problema. Felizmente, não o houve, mas ainda hoje sinto o frio do suor que me molhava o corpo, naquele fim de tarde bem quente, como eram as tardes de Luanda.
- JUMBO. Enorme espaço comercial na estrada da Catete, à saída de Luanda. Como são, actualmente, os grandes hipermercados de Portugal.
- CANHÂNGULO: Caneca grande de cerveja.
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