quarta-feira, 18 de agosto de 2010

O telegrama forjado, para os refugiados do MPLA passarem...

Alferes Garcia e capitães Falcão e Themudo na varanda do edifício do Comando do BC12

JOSÉ DIOGO THEMUDO
Capitão
Em data que não posso precisar, eu e o Coronel Ramiro Mourato, Chefe de Estado Maior do Comando de Sector de Carmona, fomos ao Negage - onde a coluna que seguia com alguns "refugiados" (famílias dos militares e simpatizantes do MPLA), com destino a Luanda, foi impedida por militares da FNLA de continuar a sua marcha.
Falando com os responsáveis locais da FNLA, estes diziam que toda aquela gente queria fugir para Luanda para depois se reorganizar e voltar, em força, à sua terra. As famílias e os simpatizantes do MPLA sabiam que, se ficassem e sem a protecção das nossas tropas, seriam mortos e por isso queriam fugir.
Para evitar mais derrame de sangue, o Coronel Mourato voltou para Carmona e, com o General Leão Correia, forjaram um telegrama que chegou às minhas mãos e às mãos dos responsáveis da FNLA, supostamente enviado pelo Ministro do Interior, Ngola Kabango, onde dava ordens às tropas da FNLA para deixarem passar a coluna. E assim, após algumas horas de conversações, a coluna partiu para Luanda -  onde chegou sem mais problemas.
JOSÉ DIOGO THEMUDO
Capitão
- THEMUDO: José Diogo da Mota e Silva Themudo, capitão de cavalaria, foi 2º. comandante do BCAV. 8423 de Março a Setembro de 1975. Residente em Lisboa, é aposentado, com a patente de coronel. 
- NOTA: O relato refere-se à evacuação de civis
e militantes do MPLA, depois da sua derrota militar de
Carmona, nos primeiros dias de Junho de 1975

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