terça-feira, 24 de agosto de 2010

O poder popular entre Catete e o Grafanil...

 de

Entrada do Campo Militar do Grafanil onde, no espaço do desactivado Batalhão de
Intendência, se instalou o BCAV. 8423, a 3 de Agosto de 1975

A nossa chegada ao Grafanil, ao fim da manhã de 3 de Agosto de 1975, resultou numa profunda decepção para os militares da CCS do BCAV. 8423. As instalações estavam imensamente degradadas, sujas, com móveis e camas partidas, com cheiros horríveis a empestar o ambiente - resultantes do lixo acumulado, de restos de comida e de sabe-se lá o que mais.
A prioridade da CCS foi promover a sua própria instalação e, no dia seguinte, limpar, desinfestar, pôr minimamente asseadas as instalações onde iriam ser colocados os nossos companheiros que, por terra, viajavam desde Carmona e que nós entretanto sabíamos com algum atraso e alguns problemas.
Comida, não havia - tivemos de nos socorrer de rações de combate. E cada qual, a não optar por elas, teve de se desenrascar nos aquartelamentos onde tivesse um amigo, ou no «mercado» civil. Foi o que aconteceu  a mim e ao Neto, com a sorte de termos encontrado o conterrâneo Gilberto Marques (civil), que nos levou a passear a Viana e, vejam lá..., nos pôs à disposição uma vivenda. Onde nos instalámos, com o Monteiro, até 7 de Setembro de 1975 - dia da nossa partida para Lisboa.
Logo nesse dia, «conhecemos» o «poder» do «poder popular»: fomos interpelados e ameaçados no posto da PSP entre o Grafanil e Catete. Apontaram-nos as armas, chamaram-nos os nomes que quiseram, impediam-nos de passar, gritavam slogans contra Portugal e os olhos desorbitavam-se-lhes. Queriam agredir-nos e prender-nos, sabe-se lá mais o quê.
Íamos na viatura do Gilberto e a «coisa» não foi nada fácil. O Neto chegou a perder a paciência, sentimos no corpo os arrepios do medo e fomos ajudados pela chegada de um grupo de militares adultos e dois PSP`s, que intervieram em boa hora.

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