Pioneiros, adolescentes armados. O chamado Poder Popular (foto da net)
ANTÓNIO ALBANO CRUZ
Texto (continuação)
Ao chegar ao Grafanil, recordo-me de ter falado com um reporter inglês e de sermos filmados com um “garboso” militar do MPLA, com menos de 14 anos de idade, de camuflado e Kalachnikov, que estava ali a fazer guarda.
Não se pense que a imagem deste soldado - e a de outros como ele - me causou qualquer estranheza, ou espanto, pois tive a oportunidade de apreciar outras, tanto ou mais bizarras e surreais.
Em Salazar, por exemplo, a de uma patrulha de 6 soldados num «burro do mato» (Unimog 411), um com uma vistosa gravata por cima do camuflado; outro, de sobretudo beje impecável, um outro com um véu de noiva e, ao lado do condutor, o comandante da força, o maior..., de chapéu de palha enfiado.
Imagine-se as pilhagens que por ali não houveram!
Naqueles dias, a azáfama e as emoções foram tantas que eu, que normalmente andava com o gravador e as máquinas de fotografar e filmar, quase nada tenho sobre esta coluna de militares e civis. Quanto ao resto, resta-me a esperança de um dia passar alguns filmes super 8 para DVD e recuperar algumas gravações e fotografias.
Penso que a adversidade de uns e as dificuldades de outros proporcionaram momentos de solidariedade e até amizade que noutras condições não eram possíveis. Ultrapassados os complexos, os constrangimentos, os ódios e ressentimentos gerados com a descolonização, começa a ver-se fazer a história das estórias de todos nós, Portugueses, que nasceram ou viveram ou lutaram nas províncias ultramarinas e estou convicto que a epopeia que foi deixar Carmona e trazer connosco milhares de retornados será, um dia, um bom pretexto para um livro e um filme.
A. A. CRUZ
Alferes miliciano
(continua)
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