sábado, 16 de abril de 2011

Palestras sobre as eleições para a Assembleia Constituinte de 1975


A 16 e 23 de Abril de 1975 realizaram-se, em Carmona e no BC12, palestras sobre as primeiras eleições pós-revolução de 1974. As eleições para a Assembleia Constituinte. A ideia era preparar o pessoal militar para o acto de voto, no qual naturalmente, todos se iam estrear. De Portugal, pelo correio pessoal e pela leitura do Jornal de Notícias e do Expresso, chegavam informações que nos confundiam.
«Como é que correu isso por aí?», perguntei eu ao Neto, em telefonema combinado - feito a partir de Nova Lisboa e para a messe de sargentos do Montanha Pinto (anteriormente de oficiais), que dispunha de telefone da rede civil. 
«Ó pá, estiveram para aí uns gajos a matraquear, foi só paleio, democracia, liberdade, não sei mais o quê... acho que a malta não ligou muito», disse-me o Neto, mais preocupado, isso sim, com o aumento de patrulhamentos mistos na cidade e nas vias de acesso. «Anda malta por aí a dar o berro!!!...». 
A campanha eleitoral começara no dia 2 de Abril e, por Angola, vinha de dias antes (8 de Abril) um novo acordo de cessar fogo, entre os três movimentos nacionalistas angolanos, que, a exemplo de outros - antes e depois... -  também não foi respeitado. O Alto Comissário acusou o MPLA de ser o principal responsável por entregar indiscriminadamente armas a civis. O MPLA pediu a demissão do Alto Comissário. Era o almirante António Silva Cardoso, que tomara posse a 28 de Janeiro de 1975 e cessou o mandato a 2 de Agosto do mesmo ano. Sucedera António Alva Rosa Coutinho e foi interinamente sucedido por Ernesto Ferreira de Macedo. Este, por sua vez e logo no dia 26, foi sucedido por Leonel Cardoso - o último.

Em Lisboa, a 16 de Abril desse 1975 que lá vai, o Conselho de Ministros decidiu «expropriar, no sul do país, as propriedades de sequeiro de área superior a 500 hectares e as propriedades rústicas de área superior a 50 hectares». Começava a reforma agrária.
Por Nova Lisboa, onde passeava férias com familiares e amigos, o meu «aviso» aumentava: «Vão-se embora!...». Não fui ouvido pelos  Neves Polido. Nem por qualquer dos conterrâneos que por lá faziam pela vida.

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