sexta-feira, 29 de abril de 2011

O "truque" de escuteiro do (futuro) alferes Sousa



Furriéis Louro , Rodrigues, Nascimento, Barata e Barreto e
 alferes Sousa e Lains dos Santos, gente de Zalala


Zalala era um "buraco", a uns 60 quilómetros do Quitexe (falo de memória), aonde se chegava por uma picada cheia de mistérios, de perigos e de medos. Uma picada mítica, pela qual muito sangue se amassou em lama com o pó vermelho de Angola. 
Os Cavaleiros do Norte já não viveram os dramas e tragédias de 1961 e anos seguintes, mas não foram «dispensados» de muitos amargos de boca e de alguns sustos. Por alguma razão lhe chamavam «a mais dura escola de guerra».
A foto que o Rodrigues me enviou mostra um grupo de bons companheiros Cavaleiros do Norte, de Zalala, companheiros de amizade e solidariedade semeada por Santa Margarida - e ainda por lá nascida... . e por Angola crescida e multiplicada. Mostra um dos muitos momentos de convívio que sempre existiu entre furriéis e alferes da 1ª. Companhia.
A mim, pessoalmente, sublinha-se-me o alferes Sousa, dele puxando de memórias de quase 38 anos, quando, ele cadete e eu instruendo, malhámos com o corpo no duríssimo curso de Operações Especiais, os Rangers!!!, em Lamego. Memórias de uma noite de Agosto de 1973, quase apostava que de 15 para 16, no decorrer de uma operação de instrução nocturna que levou cadetes e instruendos em provas de individuais, a galgarem a mais vária malha de obstáculos.
Saímos nós de Penude (o quartel), atravessámos a cidade que gorgitava de divertimento e marchámos em asfalto até um qualquer sítio da estrada para Régua - onde, noite cerrada e separados por minutos, íamos sendo largados individualmente.
Achámo-nos, eu e ele, num qualquer sítio onde tínhamos de trepar uns 3 ou 4 metros a pique - tipo de rapel, mas ao contrário. E como subir? As cordas de sisal no chão, cortadas, tinham dado subida a quem nos antecedera, mas de nada nos ajudavam agora. A solução foi proposta pelo Sousa, suponho com estratégia aprendida nos escuteiros: dobrou-se uma árvore, segurei-a eu quanto pude, trepou ele e saltou o obstáculo. Depois, amarrou as cordas em cima e subiu eu. E, atrás de nós, não sei quantos mais.
Não sei se o Sousa nos lê. Mas se lê, fique sabendo que aqui estou a recordar esta peripécia com os cabelos a arrepiarem-se-me!!! Emocionado!
Assim, desta e outras maneiras, se moldava a camaradagem  e nos preparávamos para enfrentar quaisquer obstáculos que a guerra nos pusesse diante dos nossos medos, da nossa generosidade e da nossa, deixem-me dizer, da nossa coragem.
- LOURO. José dos Santos Louro, furriel miliciano atirador de cavalaria, morador em Évora.
- RODRIGUES. Américo Joaquim da Silva Rodrigues, furriel  miliciano atirador de cavalaria, residente em V. N. de Famalicão.
- NASCIMENTO. José António Moreira do Nascimento, furriel miliciano de alimentação.
- BARATA. Jorge António Eanes Barata, furriel miliciano atirador de cavalaria.
- BARRETO. Jorge Manuel Mesquita Barreto, furriel miliciano enfermeiro, funcionário público aposentado, residente em Rio Tinto (Porto).
- SOUSA. Mário Jorge de Sousa Correia de Sousa, alferes miliciano de Operações Especiais.
- SANTOS. José Manuel Lains dos Santos, alferes miliciano atirador de cavalaria, residente em Alenquer.
Ver AQUI.

1 comentário:

Anónimo disse...

Para os teus registos; Zalala - Quitexe, mais ou menos 40-45 Km, mas, não é de fiar, porque sabes que não havia conta Km nas viaturas
1 Abraço Rodrigues