terça-feira, 19 de abril de 2011

Os primeiros incidentes militares em Nova Lisboa...

Escola de Aplicação Militar de Angola, em Nova Lisboa (anos 60). Em baixo, furriel Viegas de férias nesta cidade (em 1975), com madrinha Isolina Neves




A 19 de Abril de 1975, andava eu por Nova Lisboa em angolanas férias, desfrutando (com o Cruz, o furriel) do cosmopolitismo de uma cidade que Norton de Matos quis fazer capital de Portugal, e, pelos uíges da nossa tropa, repetiam-se incidentes entre militantes armados do MPLA e da FNLA.
Lá pelo planalto huambino, tudo, porém, parecia um paraíso e por um destes dias avantajei-me em petiscadela que meteu moelas e moambas, no bar-restaurante que o Lando tinha nas imediações do da Escola de Aplicação Militar de Angola e do RI21, ao Bairro de Santo António. E falou-se do movimento revolucionário que incendiava Portugal, das consequências da próxima independência de Angola e de como, nesse quadro, seria a vida dos portugueses - os brancos! Estranhamente, para mim, toda a gente tinha uma enorme confiança e nada de cultivar preocupações quanto ao futuro.
O sul de Angola, na verdade, estava livre de problemas, não havia guerra, que era «coisa lá dos gajos do norte» - da zona do café, do Uíge, nos Dembos, no  Leste, embora o sangue já há muito regasse as ruas de Luanda e outras cidades. Eu mesmo vivi esse clima de paz sulista, nas viagens de milhares de quilómetros que se faziam sem necessidade de qualquer segurança  - de Luanda à Gabela, a Nova Lisboa, ao Lobito, a Benguela, a Novo Redondo, Sá da Bandeira e Moçâmedes. Ou a Carmona, a Salazar. 
Mas num destes meus dias de Nova Lisboa registaram-se os primeiros primeiros incidentes e uma turba de angolanos armou escaramuça na avenida da República, pertíssimo do Ruacaná - onde eu fui ao Cinema, com minha madrinha Isolina.E no bairro de Santo António, perto do RI 21 e da Escola Prática Militar de Nova Lisboa. Foram um «aviso» para o que se seguiria nos meses seguintes, pelos julhos e agostos fora, setembros e outubros de muitas dores, na guerra civil que arrasou a cidade e muitas outras.
- LANDO. Orlando Tavares Rino, conterrâneo que era comerciante em Nova Lisboa -no Bairro de Santo António. Reside e trabalha em Rio Grande (Brasil).
- ISOLINA. Maria Isolina Pinheiro das Neves, já falecida e ao tempo viúva de meu padrinho Arménio Pires Tavares, vítima de acidente no Dondo e sepultado no cemitério de Gabela (Angola).

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