sábado, 5 de junho de 2010

Mensagem da filha do alferes António Manuel Garcia

Alferes Garcia no Natal de 1974. Falecido a 2 de Novembro de 1979.
Filha Marta e neto João (em baixo, foto de 2010)


Marta Garcia Tracana, professora universitária e filha do alferes Garcia, enviou uma mensagem para o Encontro dos Cavaleiros do Norte, de 29 de Maio de 2010. Foi lida pelo (ex-furriel) Viegas e emotiva e largamente aplaudida. Esta:


Hoje poderia ser um dia completo, mas quando deixamos de ser a filha de alguém e começamos a ser a mãe, a mulher e a profissional, temos que fazer escolhas que nem sempre são as que mais queremos.
Mas não me rendo e nunca desisto!
No passado dia 28 de Março, pela primeira vez na minha vida, comecei a sentir que a parte que me faltava para conhecer de meu pai estava a bater-me à porta! A Associação Recreativa e Cultural de Pombal de Ansiães tinha-me reenviado um e-mail que tinha recebido. Quando me ligaram para o telemóvel, a contar-me, nem queria acreditar! Os amigos do meu pai tinham-nos encontrado (à Associação e, por acréscimo, a mim!). Nesse dia fiquei até às tantas da madrugada a ler e reler todos os textos que continham referências ao Garcia e ainda hoje não me canso de ler esses textos - tão sentidos e tão íntimos, de assuntos que só vocês sabem do que se trata.
Saber que existe um enorme grupo que ainda hoje, passados 31 anos, se lembra do Garcia, com muita saudade e carinho, é um grande orgulho para mim.
Que ele era um “gajo porreiro”, já me tinham dito, mas que o coração dele conseguia tocar tanta gente, surpreendeu-me. Ele devia ser mesmo muito especial.
Quanto a mim… bem, adoro uma boa farra como ele, as artes estão-me incutidas na alma (música, essencialmente), gosto de fazer amigos e de cultivar amizades, caem-me as lágrimas quando estou a rir às gargalhadas (como ele) e choro quando o coração me aperta (assim como ele fez no Natal 1974, quando ficou sozinho num canto a relembrar a família).
Meus queridos novos amigos:
É uma enorme alegria saber que vocês não se esqueceram do Garcia que, por ironias do destino ou por influências sabe Deus de quem, foi o primeiro a abandonar o grupo, e uma honra conhecer-vos… mesmo que à distância.
Para todos vós, um muito obrigada por não se terem esquecido dele e um muitíssimo obrigada por me permitirem “entrar” no vosso grupo.
A todos um bem-hajam
Um abraço da filha do Garcia,
Marta


- GARCIA, António Manuel Garcia, alferes miliciano de Operações Especiais (Ranger´s), comandante do Pelotão de Reconhecimento, Serviços e Informação (PELREC). Nasceu a 1 de Maio de 1952 e faleceu a 2 de Novembro de 1979, num acidente de viação entre Viseu e Mangualde, era agente da Polícia Judiciária.
Foi fundador e sócio nº. 1 da Associação Recreativa e Cultural de Pombal de Ansiães (ARCPA), terra da sua naturalidade, em Carrazeda de Ansiães.

3 comentários:

Monteiro disse...

Como foi grande o Alferes Garcia.
Como Ranger, como comandante do pelotão de atiradores e essencialmente como homem.
Para a sua filha Marta (eu também tenho uma Marta), um beijinho e que o seu lindo menino, Neto do Garcia, um dia possa poder recordar as maravilhas que este homem fez neste mundo dos vivos.
Para o Garcia até um dia destes.

Oliveira disse...

Saudades de um homem bom, que conheci no quitexe, lider de um pelotão exemplar e com 2 furriéis espectaculares, o Neto e o Viegas, que parelha... lenbro-me de como os airadores falavam deles três e quero dar os parabens ao viegas pelo trabalho que tem feito no blogue a recordar com um riqueza impressionante de promenores que até parece qe estamos lá a viver aqueles momemtos, só meso ele...

C. Silva disse...

Caro Viegas, não tive o prazer de o conhecer em Angola, por ser de outra companhia mas sou à meses leitor do site e sinto-me na obrigação de o felicitar pela sua excelente qualidade e pelo pormenor da sua narrativa, que é realmente excelente e muitas vezes nos parece fazer estar a ler em 3D, como agora se diz.
O mérito é maior ainda porque o faz de forma literariamente acima da média e que nos faz sentir como xsde lá estivessemos. Em Carmona ouvi muitas vezes falar dos heroísmos do pelotão de atiradores, mas sempre dei pouco por esses feitos, mas agira ao ler yantos anos depois e reavivar os vossos nomes, o alfers garcia e os furriési Neto e Viegas, não posso deixar de ter orgulho no que se fez por lá, para salvar os civis, como aqui também já foi dito pelo capitão Luz e pelos furriéis Machado e Monteiro.
Peço que não páre com o blogue e receba de novo os meus parabéns.