Avenida de Portugal, em Carmona (anos 70 do Século XX)
Os incidentes dos primeiros dias de Junho de 1975 não se limitaram a Carmona, onde se aquartelava a maior parte da guarnição do Batalhão de Cavalaria 8423. Também ao Quitexe!!! O nosso Quitexe!!! E no Negage, onde se situava a base aérea militar. E a Ponte do Dange, a Aldeia Viçosa e Vista Alegre, onde quer que existissem forças armadas dos movimentos.
Os combates entre MPLA e FNLA que ferozmente ensanguentavam Luanda, na verdade, foram transbordando. Primeiro para as localidades mais próximas, depois crescentemente pelo Cuanza-Norte acima, até ao Uíge - terra do café, de que Carmona era a capital.
O grave conflito que enlutou o chão uígense só não terá tido mais graves consequências pela intervenção serena e apropriada das Forças Armadas Portuguesas - pelo seu sentido de grandeza, cumprindo com elevados riscos a tarefa de soberania e honra que lhe competia.
«O grave conflito armado entre os movimentos de libertação atingiu todas as vilas do distrito, onde tais forças existiam, através das suas forças, ELNA e FPLA», refere o Livro da Unidade, de que nos socorremos também para lembrar o papel das FAP, «a calma demonstrada, o sangue frio posto, o espírito de sacrifício mostrado», como garantes da sua «tenacidade e firme certeza de que está imbuído no sentido de grandeza próprio do consciente desinteressado e leal desejo de cumprir a missão que lhe está sendo imposta no processo de descolonização».
A FNLA, em clara supremacia militar, «ficou com a sua hegemonia mais vincada» e pode dizer-se que «todos quantos se possam considerar combatentes ou simpatizantes do MPLA foram expulsos do distrito». Isto, ainda citando o Livro de Unidade, «nos melhores dos casos», porquanto «noutros há a citar algumas dezenas de mortos».
- FAPLA. Forças Armadas Populares de Libertação de Angola, braço armado do MPLA.
- ELNA. Exército de Libertação Nacional de Angola, braço armado da FNLA.
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