Avenida Capitão Pereira, em Carmona (anos 70 do século XX)
MANUEL MACHADO
Texto
Há episódios que nos marcam para sempre. O que aqui ontem contei, marcou-me muito e felizmente há ainda muitos dos participantes vivos. Não porque tenha sido um acto de grande significado em tempo de guerra, mas pela atitude, pela generosidade, pelo desprendimento e, porque não dizer?, pela valentia de pôr a sua vida ao serviço do bem comum.
Estávamos em Junho de 1975, aquartelados no ex-BC12, em Carmona, quando rebentou a sério a guerra civil na cidade e arredores. A verdade é que a FNLA, apresentou-se na cidade com um grande número de efectivos, bem armada e bem fardada. Deu-se ao luxo de exibir caros blindados do tipo Panhard e o Exército Português não tinha nenhum no local.
A nova situação militar constituiu nova preocupação para o comando Português. Um dia, fui chamado à sala de operações para dar informação do armamento anti-carro que possuíamos. Só podiamos responder com o lança-granadas foguete (Instalaza), municiado com granadas de fósforo. Tratou-se, então, de dotar as torres de vigia do quartel com esse equipamento e dar instruções de funcionamento a quem exercia a vigilância do perímetro da unidade.
Também fiz parte do grupo de furriéis milicianos que resolveu, sem autorização, fazer uma patrulha à cidade de Carmona para ver como estava o ambiente e preparados para o que desse e viesse. Não andámos lá muito tempo, porque o Comandante de Batalhão, quando soube, ordenou o nosso regresso ao quartel, com o argumento de que, em caso de problemas graves, ficava sem sargentos para enquadrar as tropas.
Sãp episódios da nossa missão em Angola!
MANUEL MACHADO
Ver texto de ontem: http://cavaleirosdonorte.blogspot.com/2010/06/valentia-dos-nao-operacionais-do-bcav.html
- MACHADO. Manuel Afonso Machado, furriel miliciano mecânico de armamento. Natural de Covelo do Gerez (Montalegre) e residente em Braga, onde é quadro superior da EDP. Foto de 1975.
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