Refugiados de Carmona na parada do BC12, a 1 de Junho de 1975
Madrugou Carmona, ao 1 de Junho de 1975, com o rebentamemto de morteiros, obus e granadas nos céus da cidade. O alvor citadino encharcava-se de sangue e de morte, irmãos contra irmãos - como se o país a construir não estivesse nas mãos deles. Lhes fugisse da alma.
Fui acordado na messe do Montanha Pinto, ainda era noite, e a notícia era mais ou menos esperada, mais dia menos noite: rebentaram as macas. Havia fogo cruzado por todo o lado e mesmo ali perto de nós, por trás da capela do Montanha Pinto.
Eu era sempre dos primeiros a acordar e nessa madrugada de 1 de Junho de 1975, saltei da cama a acordar o Neto, que sonhava a metro e meio de mim: «Ha porrada, pá!!! Prepara-te!!!...».
Levantou-se o Neto, apressando o atavio e fui eu a correr, ainda descalço, a acordar os resto dos furriéis. Dormia em frente o Monteiro, que acordei aos berros!!! E fui corredor fora, alvoraçado, afoitando rapidez na preparação para sair.
De perto, muito de perto, ouviam-se repetidos rebentamentos de material de guerra. E gritos, muito gritos!!! Alguém, do BC12 e pelo telefone civil, apressou a nossa saída. Uma berliet vinha a caminho!!!
Mal eu fora acordado, dissera para o Cabrita para chamar o cozinheiro: que «apresse o pequeno almoço!!...». Mas ninguém matabichou.
Era para aí umas seis horas da manhã, já galgávamos as ruas da cidade, a caminho do BC12. De G3 aperradas e granadas prontas a deflagrar. Tinham começado as macas de Carmona e cada um de nós sabia que missões lhe competiam! Chegara a hora de provar quanto valíamos. A caminho do BC12, na zona do liceu, quase fomos alvejados e chegámos a pensar o pior. A rajada assobiou-nos as orelhas!!! As próximas iam ser de dor e de sangue... Milhares de civis foram recebidos no BC12!
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