BATALHÃO DE CAVALARIA 8423. Os Cavaleiros do Norte!!! Um espaço para informalmente falar de pessoas e estórias de um tempo em que se fez história. Aqui contando, de forma avulsa, algumas histórias de grupo de militares que foi a Angola fazer Abril e semear solidariedade e companheirismo! A partir do Quitexe, por Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange e Songo! E outras terras do Uíge angolano, pátria de que todos ficámos apaixonados!
quarta-feira, 6 de maio de 2009
O Queijo e o feijão furado!!!
O refeitório da CCS do BCAV 8423 era o altar de todas as refeições diárias dos praças da CCS e dos pelotões que, mês a mês, se revezavam no complemento de segurança da unidade. Não houve dia, naquelas sagradas mesas de comunhão - mesas do pão e do vinho da nossa alimentação... - em que não se confessasse alguma saudade de alguém, ou de algum prato mais saboroso, que as nossas mães fariam nas nossas pobres cozinhas de família de então... e por lá não saboreávamos. No Quitexe!
Um dos auxiliares dos cozinheiros, os mestres de sabores e quantidades que enchiamos nossos estômagos jovens de muita fome, chamava-se Graciano Queijo. Era o Queijo, o queijo para aqui e o queijo para acolá..., substantivo próprio, substantivo comum..., que indistintamente usávamos para lhe desenvergonhar o desgosto do nome. Transmontano, sossegado e humilde, era pacientemente cumpridor dos pratos que o Dias, todos os dias, ementava... segundo as NEP´s.
Um dia, eu de «castigo» feito fiscal da alimentação, obriguei aqueles bons soldados e cabos cozinheiros a virar um enorme panelão de feijão furado para a xitaca - onde se misturavam patos, galinhas e porcos que nos iriam saciar fomes e apetites. Que não, que não podia ser... fôra o capitão quem mandara. Isso sabia eu, mas havia essa tal coisa das NEP´s, que o mesmo capitão sempre nos atirava à cara, quando nos queria tramar. Virar o feijão para fora, isso pára aí, assim entendiam os cozinheiros...
Virou-se mesmo, aquela malta ir comer feijão furado é que nem pensar, e fiquei nesse dia com a ideia que subi ao altar da admiração dos praças, nossos irmãos. Pois se eu tinha batido o pé, em favor deles! Ainda hoje me sinto orgulhoso, por isso!
- DIAS. Francisco José Brogueira Dias, furriel miliciano de alimentação, natural e residente no Porto, bancário.
- QUEIJO. Graciano da Purificação Queijo, clarim, a prestar serviço na cozinha.
- NEP. Normas de Execução Permanente, a lei do dia-a-dia de qualquer unidade militar.
A foto é de José Oliveira (César).
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2 comentários:
Há há uns dias que já acompanho este blogue e queria dar um abraço ao autor, não me lembro do rosto mas o nome identifico-o perfeitamente; eu tambem era do batalhão, mas não da CCS e lembro-me de ter comido algumas vezes neste refeitório, quando íamos em reabastecimentos ou buscar correio.
Bom ano para todos.
Melo
E tudo isto por um prato de feijão furado, ó Viegas, eu por acaso lembro-me dessa cena, que foi foi muito comentada na altura, durante algum tempo chegou a supor-se queias levar uma porrada do capitão, mas não aconteceu nada.
Bons tempos...
JA
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