Furriéis Neto e Viegas no seu quarto do Quitexe
Os tempos mortos do Quitexe, que os havia!!!..., eram muitas vezes ocupados em gravações, chamávamos-lhe nós programas de rádio, gravações fartas de apaixonadas declarações de amor!
Eram declarações a metro, feitas de palavras sem fim e quentes, muito quentes, gravadas em fitas magnéticas embaladas em cassetes e que os Correios traziam para Portugal, embrulhadas em papel grávido de saudades - mas sem arder nas labaredas das paixões que medravam no calor angolano.
Eram declarações a metro, feitas de palavras sem fim e quentes, muito quentes, gravadas em fitas magnéticas embaladas em cassetes e que os Correios traziam para Portugal, embrulhadas em papel grávido de saudades - mas sem arder nas labaredas das paixões que medravam no calor angolano.
O meu quarto, que era o quarto do Xico Neto, era uma espécie de fórum dos cavaleiros que jornadeavam pelo Quitexe. Era um espaço de culto! Por lá cabiam todos! E alguns por lá iam, para fazermos as tais gravações!
E o que era isso, isso de gravações? Pois, com um velho gira-disco de agulha e um rádio-gravador, ou um gravador com leitura de cassetes e outro que as gravava, punhamo-nos para ali a debitar promessas e juras de amor às namoradas e mulheres que, no «puto», eram razão de afectos mais íntimos. Não por mim, fiquem todos avisados, que nem namorada tinha! Mas por outros que, roídos de saudades das namoradas, não sabiam como as matar (as saudades!, bem entendido!) - para além de lhes mandarem camiões de vagos e volúveis aerogramas, cheios de corações atravessados de setas de Cupido!
Bom, então era assim o guião: escolhiam-se os discos mais românticos e adequados à mensagem que se ia gravar. A tua namorada é isto, é aquilo, faz assim, faz assado, gosta disto e do quê, qual é o ponto fraco dela?!!! Ai ela é isso? Então, era aí que nós lhe «tocávamos» ao sentimento, em palavras quentes, volupiosas, lavradas com rigor e no momento exacto, enquanto se baixava e se subia o som na «mesa de mistura» improvisada.
As raparigas, com a cassete no regaço, corriam apressadas e em ânsias para irem ouvir a voz dos seus amados, nos seus segredos de quarto e atravesseirando-se de afectos, como se ali estivesse o dono daquela voz - o seu amor que estava na guerra!! Choravam de emoção e saudade, de alegria e de paixão!!! Era só amor!!!
Eu, que era irreverentemente atrevidote e meio lavrador de palavras, debitava prosa e versos de embalar corações, minha esta e minha aquela - às vezes com palavreado de fazer chorar as pedras das calçadas... - e lá "obrigava" os rapazes a confessar as suas perdas emocionais e a confirmar amores e juras, dizendo quantas vezes o que nem lhes passava pela cabeça.
As juras de amor eram tais e de tal maneira que, ouvidas em Portugal pelas cachopas, lhes provocavam verdadeiros apertos de coração, autênticos delírios vivos e volúpias que não se contam! Ai não!!!
Os rapazolas da foto são, somos, somos o Neto e eu: «Em directo, dos estúdios da Ráááááádio Quitexe, directamente para o Bééééééééco, em Águeeeeeeeda!... Para a Ni!!!!...».
E o que era isso, isso de gravações? Pois, com um velho gira-disco de agulha e um rádio-gravador, ou um gravador com leitura de cassetes e outro que as gravava, punhamo-nos para ali a debitar promessas e juras de amor às namoradas e mulheres que, no «puto», eram razão de afectos mais íntimos. Não por mim, fiquem todos avisados, que nem namorada tinha! Mas por outros que, roídos de saudades das namoradas, não sabiam como as matar (as saudades!, bem entendido!) - para além de lhes mandarem camiões de vagos e volúveis aerogramas, cheios de corações atravessados de setas de Cupido!
Bom, então era assim o guião: escolhiam-se os discos mais românticos e adequados à mensagem que se ia gravar. A tua namorada é isto, é aquilo, faz assim, faz assado, gosta disto e do quê, qual é o ponto fraco dela?!!! Ai ela é isso? Então, era aí que nós lhe «tocávamos» ao sentimento, em palavras quentes, volupiosas, lavradas com rigor e no momento exacto, enquanto se baixava e se subia o som na «mesa de mistura» improvisada.
As raparigas, com a cassete no regaço, corriam apressadas e em ânsias para irem ouvir a voz dos seus amados, nos seus segredos de quarto e atravesseirando-se de afectos, como se ali estivesse o dono daquela voz - o seu amor que estava na guerra!! Choravam de emoção e saudade, de alegria e de paixão!!! Era só amor!!!
Eu, que era irreverentemente atrevidote e meio lavrador de palavras, debitava prosa e versos de embalar corações, minha esta e minha aquela - às vezes com palavreado de fazer chorar as pedras das calçadas... - e lá "obrigava" os rapazes a confessar as suas perdas emocionais e a confirmar amores e juras, dizendo quantas vezes o que nem lhes passava pela cabeça.
As juras de amor eram tais e de tal maneira que, ouvidas em Portugal pelas cachopas, lhes provocavam verdadeiros apertos de coração, autênticos delírios vivos e volúpias que não se contam! Ai não!!!
Os rapazolas da foto são, somos, somos o Neto e eu: «Em directo, dos estúdios da Ráááááádio Quitexe, directamente para o Bééééééééco, em Águeeeeeeeda!... Para a Ni!!!!...».
Ainda há dias nos fartámos de rir, recapitulando estes dias radiofónicos dos jovens cavaleiros do norte angolano. E assim se iam passando os dias do Quitexe! A radiogravar promessas de namorados!!!
3 comentários:
Muito interessante o blog dos "Cavaleiros do Norte". Com certeza deve ter
sido uma grande experiência de vida.
Gostei muito da foto da Igreja da Mãe de Deus do Quitexe.Me lembrou muito de
uma igrejinha que existe aqui, no norte do Espirito Santo, na Vila de
Itaúnas, onde tenho uma pequena casa de veraneio.
Deve ser em razão de há muitos anos o lugar ter sido fundado por negros
africanos.
Tenho muita vontade de conhecer um ou mais países Africanos. Quem sabe em um
futuro próximo.
Parabéns pelo blog.
Abraços,
Vitor
(Vitória / Brasil)
O blogue é o máximo, estou e ver e vou votar a ler...
Manel
Maluuuuuuuuucos de todo... eq eu vocês eram todos!
Cavaleiro
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