E Quitexe fica no mapa?! Onde? Onde fica?! É um buraco?! A pergunta cirandou-se de boca em boca, entre nós - os cavaleiros que iam da revolução lisboeta e se suavam em bica do calor africano. Era a pergunta mais feita no campo militar do Grafanil, à saída de Luanda, antes de Viana!
Era a nossa grande ansiedade: para onde vamos? O que nos espera?! Quem está lá, como vai ser?
Em Santa Margarida chegara-me um «cheiro»: íamos para o norte de Angola. E devorei tudo o que pude ler, para antecipar o conhecimento da então província ultramarina. Em Maquela do Zombo tinha estado o Zé Ramiro, meu vizinho. Por Quitexe passara o Zé Pires, também vizinho. Em Sanza Pombo estava o Higino da ti Efigénia, daqui também mas civil. E havia a já então lendária Nambuangongo. O Quibaxe, Piri, sei lá.
Só em Luanda soubemos que o nosso destino era o Quitexe. E assustei-me. Tinha visto umas fotografias trágicas, de mulheres violadas e assasinadas, crianças mortas! À catanada e a tiro. Outra imagem de terror era a de cabeças de negros espetadas em paus. Em 1961, ano 1 da era emancipalista dos naturais, no terreno! E aqui não entro em pormenores. Mas isso tudo nos martelava na cabeça!
Conversei com amigos civis, em Luanda - que do Quitexe me pouparam algumas coisas que saberiam. E lá fomos: Cacuaco, Ucua, Dange, Vista Alegre, Aldeia Viçosa, Quitoque, Quimassabi, o que lembro mais!!
E a cidade mais perto? Carmona! E o que me disse Casares, furriel miliciano que de alguma maneira substituí nos GE: que tivesse cuidado, coisas que agora não conto! Lá chegámos, numas dez horas de viagem, ou mais, com paragens que deu para encontrar, num bar de Quibala, o conterrâneo Zé Taipeiro, aqui meu vizinho, a 80 metros de casa! E o Quitexe, afinal, foi uma boa surpresa!
2 comentários:
Malhei muitas vezes com os ossos nesta estrada, chamavam-le estrada do café, não era.
Mostra aquelas desgraçadas das picadas...
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