Há 37 anos, em Maio de 1974, estes eram os dias de vésperas de partida para Angola - que era para ser a 27 e foi a 29. Aqui pela aldeia, fiz a procissão das despedidas, depois de, num salto de comboio, ter ido a Viana do Castelo baptizar o meu sobrinho Zé Fernando e dizer «até um dia destes...» aos familiares e amigos que ainda por hoje por lá vivem.
Os amigos mais próximos, um a um, tiveram o abraço do adeus, embrulhado em desejos de que tudo me corresse bem e na esperança de que por Angola não demorássemos muito tempo. O 25 de Abril tinha sido semanas antes, ainda não fizera um mês, e os ventos revolucionários chegavam à aldeia com sugestões de mais nenhum soldado ir para a guerra. Mas fomos!
Os amigos, nas despedidas, todos me faziam votos de sorte, a que eu, na imberbidade dos 21 para 22 anos, dizia amen com convicções seguras: sentia-me preparado, física, mental e tecnicamente, e recusara mesmo uma oferta de favor para não ir ao ultramar. Portanto, era ir e sem medos.
«Escreve, pá!...», era a sugestão mais repetida por aqueles e aquelas que, mais próximos ou mais distantes, eram gente da minha horta de amigos. Assim fiz sempre!!! De Angola, trouxe uma mala de correio, que ainda guardo, com mais de um milhar de cartas e aerogramas. Documentos que agora, para este blogue, são semente de ideias e colheita e maná de pormenores, que são pão desta leitura diária - desde 9 de Abril desde 2009.
Hoje, ali no cemitério, onde levei minha mãe à sua habitual romagem de sábado, achei-me diante da campa de primo meu, mais velho e de quem tenho nome igual, que foi fuzileiro especial, depois militar de carreira e que, no aquartelamento do Vale do Zebro, morreu há 15 anos na sequência de uma estúpida queda de uma escada.
Fiquei a pensar na observação de minha mãe: «Tás a ver, o teu primo também andou lá na guerra e veio morrer cá...». Assim foi. Há guerras a sério que não matam. Há coisas vulgares que nos derrotam. Nos abatem
- FOTO: A foto do meu primeiro serviço em Angola, no Quitexe.
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