O Cinema Moreno, em Carmona (1975). Ficava em frente à Rádio Clube do Uíge
A criação da Polícia Militar, de resto, surgiu disso mesmo. Não só para garantir o necessário atavio e comportamentos dos homens da guarnição, mas muito mais para resolver «as muitas quezílias existentes entre a população civil e as NT, devido à animosidade que aquela tem a esta», com leio no Livro da Unidade.
Os incidentes, na verdade, repetiam-se regularmente e ocorre-me, de memória, uma sessão de cinema no Moreno, que foi interrompida por causa dos insultos que eram «vomitados» sobre os militares, proferidos por alguns civis, acobardados no escuro da sala. Cada cena mais a jeito, era aproveitada para fazer trocadilhos, para se insultar a tropa, e o ambiente tornou-se assaz dramático. E imprevisível.
A sessão foi interrompida à força, ligada a luz subitamente e «avisada» toda a gente para as consequências iminentes, em caso de se continuarem os insultos. Recordada a cena, assim, com esta singularidade, até parecerá brincadeira de meninos amuados, mas não era assim. Até porque entre o público estavam também elementos dos movimentos emancipalistas e, valha a verdade, havia algum medo do eventual exercício de vinganças acobardadas nos escondidos da noite.
Maio de 1975 não foi de flores, mas de dores. De dores na alma na sociedade carmoniana e no espírito de paz que as NT a tudo o custo queriam fazer vincar.
- NT. Nossas Tropas.
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