Nem sempre é bom recordar, mas no caso da minha despedida paa Angola, em Maio de 1974, a minha mãe e meu irmão (que já partiram!), foram comigo até à estação de Campanhã, no Porto. Meu irmão, encorajou-me, pois tinha vindo da Guiné e de uma zona 100% operacional (Farim e Cuntima). E disse-me: «Vai descansado que tudo vai correr bem, vais ver...».
Deu-me um abraço, abracei a minha mãe - que me disse, com os olhos em lágrimas: «Deus queira que não tenhas pior sorte do que o teu irmão, que Deus te proteja...».
Despedi-me e com uma coragem vinda não sei de onde, disse-lhe: «Vai ver que dentro de pouco tempo estou aquí». E assim saí de um café, em direção à estação de Campanhã, com os dois sacos com as fardas às costas e dizendo-lhes adeus. Passado cerca de 24 horas estava eu a entrar pela porta dentro: «Olá, cá estou eu novamente, cheguei...».
Depois, já custou menos, a segunda despedida, sempre na esperança de haver outra surpresa e... voltar. O que equivaleria a já não ir para Angola. Mas o tal regresso, o definitivo, só viria a acontecer 15 meses depois.
RODOLFO TOMÁS
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