Rodrigues, Augusto e Queirós, boa gente de Zalala (1974)
Augusto foi um militar de Zalala, que todos tratavam por senhor. Senhor? Então não era camarada? Bom, a verdade é que Augusto, de idade bem mais avançada que a nossa, fez parte do 4º. pelotão em Zalala da 1ª. Companhia; e depois em Vista Alegre, sempre tratado por senhor.
Ninguém sabe, ou se lembra, de como e porque foi mobilizado para o serviço militar, mas de três dias de mato, numa operação em que o pobre do sr. Augusto foi vítima das famosas formigas “quissonde”, disse muitos se lembram. Eram enormes, as formigas, de cor avermelhada. E quando mordiam, mordiam a sério. Bem faziam sentir a dor que provocavam.
Sempre que íamos para o mato, tínhamos de utilizar roupa apertadas com bons elásticos, porque as formigas entravam nas calças e procuravam logo os testículos, para morder. Eram um perigo! E, se mordessem, era escusado..., que não largavam. Para as retirar, tínhamos de as puxar até as partir e lá ficava a cabeça da fixa na pele.
O sr. Augusto, numa dessas vezes, teve o azar de uma dúzia destas “amigas” terem pegado com ele. O pobre do homem não usava cuecas, imaginem como ficou! Sangrava a bom sangrar e isto logo no segundo dia, mesmo depois do tratamento do enfermeiro e de uma tentativa de evacuação - que foi recusada. O bom do sr. Augusto, assim, teve de aguentar o resto da operação, movimentando-se com grande custo e por vezes carregado às costas pelos restantes camaradas.
Mais tarde e devido à sua difícil mobilidade - o que já não tinha tanto a ver com as quissonde, mas com a idade, passou a ficar no quartel e a fazer serviços na cantina e cozinha, entre outros. Foi, por isso, por nós “promovido” a sr. Augusto. Pelo nosso respeito a pessoas de mais idade e, no caso, por ser um bom camarada e um amigo sempre pronto a colaborar em qualquer tipo de serviço - desde que ele fosse capaz.
Aqui lhe deixo um grande abraço, sr. Augusto! AMÉRICO RODRIGUES
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