sábado, 28 de maio de 2011

Desporto, recreio e espectáculo, antes da guerra...



Pavilhão do Clube Recreativo do Uíge, em Carmona 

A tensão cresceu nos últimos dias de Maio de 1975, em Carmona. Pressentia-se e sentia-se!  Os patrulhamentos eram constantes, na cidade e acessos. As NT, assoberbadas e sempre atentas, protegiam os pontos vitais da cidade - ainda que de forma camuflada, digamos. O aeroporto, as comunicações, o hospital, o abastecimento de água. A guarnição não tinha parança.
Os pequenos conflitos com os movimentos armados também se repetiam. Queriam eles controlar os itinerários - ao que opôs a tropa portuguesa - «a única autoridade militar constituída», como refere o Livro da Unidade. 
O mês de Maio de 1975, sublinha o mesmo livro, «foi o período onde, franca e verdadeiramente, se verificou a viragem das nossas possibilidades de uma ordem que se deseja e quer se impõe seja conseguida».
Carmona, agora Uíge, era a capital da província e, naturalmente, o seu ponto fulcral. Eram permanentes as  quezílias entre o MPLA e a FNLA (que «não aceitava muito bem qualquer outra opção política», numa terra que achava sua). Foram crescendo, tendendo sempre a aumentar, levedando ódios e suscitando instabilidades. A pequena guarnição militar tinha enorme dificuldade em fazer o seu papel de árbitro.
Por estes dias, um grupo de militares ensaiava um espectáculo que iria (mas não chegou) ser apresentado no pavilhão do Clube Recreativo do Uíge. E equipas militares, no  mesmo pavilhão, participavam em torneios de futebol de salão e basquetebol. Sem sabermos, fazíamos cultura, recreio e desporto, em vésperas da iminente guerra.
Assim foi na quarta-feira, dia 28 de Maio de 1975.

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