Furriel Rodrigues com elementos da FNLA, em Vista Alegre (1975)
Os primeiros contactos “amigáveis” com elementos da FNLA aconteceram em Zalada, onde eles iam com familiares, procurar intensamente a enfermaria e remédios para cura de um interminável número de doenças, que nem eles sabiam definir.
Queixava-se o furriel enfermeiro Barreto de estar «tramado para tratar este pessoal»: «Só sabem dizer que dói aqui, aqui e aqui, já lhes disse que o que dói é a ponta do dedo, quando eles apontam para localizar a dor».
Realmente era difícil ajudar estes homens, mulheres e crianças que, após anos provavelmente sem um comprimido, ou outro tipo de medicamento, ansiavam vivamente por uma cura milagrosa, na base de uma injecção, pomada, pensos ou um xarope, que os livrasse de um qualquer mau estado físico, ou “mental. Todos eles viam na enfermaria essa oportunidade. Troquei impressões com alguns elementos da FNLA, no tempo de Zalala e dos nossos confrontos, sobre os pontos onde atacavam.
Há várias histórias de escaramuças, de que eles se recordavam perfeitamente - até dos locais onde fazíamos operações militares. Diziam eles que muitas vezes nos localizavam, mas evitavam o contacto. Pude verificar algum do seu armamento, mas o que mais me espantou foi um deles dizer que ia ver os nossos jogos de futebol -sempre muito bem escondido no mato envolvente ao aquartelamento. Vejam lá se algum dia me passaria pela cabeça ter tal espectador...
Em Vista Alegre, já eram bastantes, mas não eram tão genuínos, nem comparados, com os de Zalada - por provavelmente terem sido recrutadas à última da hora. Já apareciam em grupos e com “fardas”e melhor armamento. Como os outros movimentos, MPLA e UNITA, tinham presença muito reduzida, as escaramuças a valer foram mais tarde. Reservadas para o palco de Carmona.
AMÉRICO RODRIGUES
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