domingo, 8 de maio de 2011

Os dias de piquete no aquartelamento de Zalala


Furriel Rodrigues, à esquerda, com o piquete de serviço,
em Zalala, na protecção à avioneta do “tabaco»


 
Os dias de piquete, em Zalala, eram de previsível descanso - normalmente os que se sucediam aos de operações pelas matas uígenses  - essas, sim, sempre perigosas, ainda que não tivesse havido um tiro, uma mina, ou uma armadilha nos trilhos que se batiam passo a passo e de olhos bem abertos, para verem o que não queriam ver.
Não eram (os piquetes) muito diferentes de Quitexe, de Aldeia Viçosa ou de Santa Isabel. Ou Vista Alegre, Ponte do Dange, Luísa Maria ou outro qualquer pouso dos Cavaleiros do Norte. Ou, mais tarde, de Carmona, ou do Songo.
O Rodrigues, que jornadeou por Zalala, veio recordar o que por lá acontecia sempre que uma avioneta sobrevoava o aquartelamento, duas ou três vezes: «Já sabíamos o que era e o pessoal de piquete escalado tinha de se deslocar para a pista de aterragem, para fazer a respectiva segurança».
Uma vezes, muitas vezes, eram voos civis, de gente que ia à fazenda de Ricardo Gaspar, em Zalala. Mas em outras, na maioria dos casos, eram o marketing do tabaco ou da cerveja a anunciar as suas marcas e a fazer a campanha do fumador.
«Normalmente, o piquete tinha pouca actividade, mas uma vez ou outra era requisitado para prestar auxílio a algum pelotão que estivesse no mato, ou em patrulhamento e precisasse de apoio de qualquer espécie», agora recorda Américo Rodrigues.
O piquete, portanto, representava para os Cavaleiros do Norte de Zalala uns dias de merecido descanso e refeições quentes no quartel, após as nossas investidas no mato.
«Quando aparecia a avioneta do “tabaco”, a importunar o nosso repouso, todos ficávamos revoltados. Se pudéssemos, a avioneta vinha a baixo, em vez de nós irmos para a pista de aterragem», diz o Rodrigues, 36 para 37 anos depois de os seus dias se passarem por Zalala.
Assim se passava a jornada angolana de terras uígenses.

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