quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

«Portugal e o Futuro», de António Spínola, publicado há 36 anos

Capa do livro «Portugal e o Futuro» (em cima) e António Spínola (em baixo)


Há 36 anos, António de Spínola estava no topo das atenções nacionais, com a publicação do livro «Portugal e o Futuro» - que eu, nos meus habituais comentários de capa, então assinalei como «um livro de fluência e transparência de conceitos, sem cair no emaranhado do conceito doutrinário (...), de intervenção política importante, que não pode nem deve ser mais um título para mostrar nas prateleiras ou passear em conversa descomprometidas». Vejam lá este analista que eu era.
O livro custou uma fortuna para a época e foi-me guardado por um livreiro amigo (já falecido, o sr. João Lemos, da Livraria Rino), que mo «deu» na manhã de sábado de 23 de Fevereiro de 1974. Li parte dele pela noite dentro - e dias seguintes... (estava de férias militares) - e considerei-o polémico e susceptível de provocar desencontro de opiniões. Mas não passei daí, deste minúsculo tipo de consideração. Na verdade, política era coisa que pouco me interessava e o mais próximo que andara tinha sido no período do Congresso Republicano de Aveiro, chamado da Oposição Democrática, em 1973 - de 4 a 8 de Abril, quando houve a intervenção policial na avenida (poucos dias antes de assentar praça). E das eleições de 1972 - que levaram Mário Rodrigues a Caxias.
«Portugal e o Futuro» foi, no entanto e depois do nosso regresso a Santa Margarida, motivo de alargadas conversas, com uma esperança semeada na malta: se calhar, a guerra do ultramar vai mesmo acabar. Nós é que já não escaparíamos a ela. Lembro-me de o «passear» entre os cabos milicianos e de ser »avisado» por um oficial para ter cuidado na sua «exibição».
Mal imaginávamos nós o que se preparava para dias depois, o 16 de Março. E o 25 de Abril, depois.

1 comentário:

Anónimo disse...

A 1ª vez que vi este livro foi nas mãos do ex- Alferes Serpa, estávamos já em finais de Março de 1974. Lia-o ás escondidas no Centro de Mensagens e guardava-o numa pasta no Centro Cripto, como se fosse um pecado. Só descobri o livro porque adormeceu a ler...como era costume!
Não o li, confesso, mas hoje leria!

Casal